Há amores estranhos fundos sem razão 
são secretos vivem na cumplicidade 
indizíveis nas palavras que aqui vão 
são impróprios de viver em liberdade 
levaram a ternura ao exagero 
e a um excesso saboroso a nossa pele 
só compreende quem sente o latejar 
bem mais dentro que os olhos do olhar, 
há amores que não posso aqui explicar 
pois quer queiram quer não inda vivemos 
na pré-História de um Futuro de cem mil anos 
nas grutas de um sentir que não sabemos
há uma palavra escandalosa e proibida 
quando se fecha a porta e começa a fantasia 
e me sento no sofá e desligo-me da vida 
e fico Senhor completo do teu corpo 
e o código começou e tu me ofereces 
o máximo que alguém nos pode dar
e a guerra não tem hoje nem tabus 
são duas vontades grandes que ali estão 
e mais que as mãos e a boca e o Futuro 
e o vício de dois corpos seminus 
amarro em ti a vida que me escapa 
e acordas-me explicando o mundo todo 
e cedo a esta raiva que me mata
e sinto em ti Mulher, Mulher de mais 
e houvesse aqui, agora, já, um altar 
e eu casava-me contigo poro a poro, 
casava-me contigo em todos os rituais 
se é que não estou exactamente assim 
casando o ontem com o hoje e o infinito 
e a cada jogo beijo salto ou grito 
pressinto o chão fugir e o mundo longe 
e há um abuso consentido que não peço 
e tu olhas-me plácida e tremente raiva e calma 
e a tormenta desabrocha 
e sai de nós pela porta escancarada do excesso
Amo este poema e esta música. Excesso, de Pedro Barroso.
Também amo este poema e a música também! - e lembra-me bons momentos da rádio Esposende...
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