Tenho memória de um tempo sem tempo. De tão distante, o futuro era a promessa do que a imaginação e a ambição ousassem sonhar. O tempo era uma linha a que não se vislumbrava o fim. Jamais se esgotava, havia sempre tempo. Tempo para viver, para experienciar, para errar, para recomeçar. Nunca era tarde, até o ser. O que haveria de ser ficou por cumprir e jaz no campo das hipóteses. O horizonte temporal deixa perceber onde termina e cada dia é um dia a menos para o que falta do resto da vida. Contraria-se o amargo de boca com uma alegria fingida e agarra-se, qual bóia de salvação, a falsa e tão propalada expectativa de que "nunca é tarde". Como se a vida nunca se esgotasse e houvesse sempre tempo.
Serei morada Porto de abrigo Cais onde ancoras o barco Âncora no mar revolto Serei casa Regaço que acolhe Abraço que conforta Lar das memórias mais doces Serei refúgio Lugar seguro Tempo sem tempo Abrigo nas tempestades Serei certeza nas horas dúbias Luz na escuridão Esperança no desespero Alegria no descontentamento Serei confidente Guardiã de todos os teus segredos Fiel depositária das tuas partilhas Confessionário dos teus pecados Serei música Silêncio se o desejares Frenesim na quietude Calma na agitação Serei o que quiseres que seja Sempre e quando o queiras Serei para ti o que queria fosses para mim Serei AMOR
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