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Uma espécie de inconformismo


Talvez fruto do rumo que a minha vida foi seguindo, em virtude das oportunidades que foram surgindo e das opções que fui tomando, sempre recusei o cenário de um emprego para a vida, um quadro que agora está definitivamente riscado do mapa laboral. Com efeito, a simples ideia de ficar toda uma vida agarrada a rotinas causa-me algum desconforto, mas percebo perfeitamente quem abraça uma profissão que o realiza e vive em função dela.
Volvidas mais de duas décadas desde que entrei na vida activa, somo várias ocupações e diferentes experiências, algumas verdadeiramente gratificantes e enriquecedoras, outras nem tanto. Não tenho qualquer dificuldade em definir o que me dá realmente prazer fazer em termos laborais, mas, como já o referi algures neste blog, fazer-se aquilo de que realmente se gosta é um privilégio só de alguns. Como alguém próximo faz questão de me lembrar, o discurso da realização pessoal é muito bonito mas não paga contas a ninguém e já lá vai o tempo em que as pessoas podiam fazer opções.
Costumo dizer que sou uma eterna insatisfeita, porque parece que só estou bem onde não estou, qual António Variações. Não sei se será isto um defeito ou uma virtude, mas esta espécie de inconformismo é que me faz sentir verdadeiramente EU.

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