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A mostrar mensagens de maio, 2025

Serei Amor

  Serei morada Porto de abrigo Cais onde ancoras o barco Âncora no mar revolto   Serei casa Regaço que acolhe Abraço que conforta Lar das memórias mais doces   Serei refúgio Lugar seguro Tempo sem tempo Abrigo nas tempestades   Serei certeza nas horas dúbias Luz na escuridão Esperança no desespero Alegria no descontentamento   Serei confidente Guardiã de todos os teus segredos Fiel depositária das tuas partilhas Confessionário dos teus pecados   Serei música Silêncio se o desejares Frenesim na quietude Calma na agitação   Serei o que quiseres que seja Sempre e quando o queiras Serei para ti o que queria fosses para mim Serei AMOR

Falsa inocência

  Sou outra vez criança quando me permito a inocência que há muito perdi.  Quando, sem quaisquer preconceitos e expetativas, me predisponho a receber. A absorver e a aprender, captando a essência das coisas que hão de ser a amálgama que me susterá. Quando me deixo suplantar por essa avidez do que é novo e desconhecido. Quando me permito acreditar que é puro o sorriso que me oferecem e sinceras as palavras que me dirigem. Quando me deixo convencer de que é real a deferência que me dedicam. Quando ignoro que o caminho que me trouxe até aqui me ensinou muito do que preferia continuar a desconhecer. Quando me iludo e abraço uma realidade paralela. Continuarei a ser criança enquanto não enxergar a realidade que se mascara, sedutora, ao meu olhar, embalando-me na sua doce melodia.  

Tempo

Tenho memória de um tempo sem tempo. De tão distante, o futuro era a promessa do que a imaginação e a ambição ousassem sonhar. O tempo era uma linha a que não se vislumbrava o fim. Jamais se esgotava, havia sempre tempo. Tempo para viver, para experienciar, para errar, para recomeçar. Nunca era tarde, até o ser. O que haveria de ser ficou por cumprir e jaz no campo das hipóteses. O horizonte temporal deixa perceber onde termina e cada dia é um dia a menos para o que falta do resto da vida. Contraria-se o amargo de boca com uma alegria fingida e agarra-se, qual bóia de salvação, a falsa e tão propalada expectativa de que "nunca é tarde". Como se a vida nunca se esgotasse e houvesse sempre tempo.