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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2016

Resiliência

Como se cumprisse um guião o cinzento acompanha-a. Desde sempre. Umas vezes mais persistente, outras quase ausente, mas permanentemente presente. Nunca quis que a sua vida fosse um rascunho traçado a lápis de carvão, aspirou sempre a uma tela colorida, com traços bem marcados e definidos. Mas a vida é dada a caprichos e obriga a novos recomeços constantemente. Não permite que as cores brilhem por demasiado tempo e o pardacento volta a instalar-se sem deixar perceber por quanto tempo. Enquanto a resiliência durar está prometida uma guerra de cores.

Faltam-me pedaços

Faltam-me pedaços, não sou inteira. Qual crivo cravado de buracos, assim sou  eu.  A cada perda há um vazio que se abre, que não mais fecha, passe o tempo que passar. A cada desilusão fica exposta a ferida da dor, que não chega nunca a sarar. A cada fracasso agiganta-se esse fantasma da derrota ficando sempre à espreita. Faltam-me pedaços, a vida anda a roubar-me, continua a roubar-me. Tira-me pessoas, tira-me momentos, tira-me sorrisos, tira-me alegria, tira-me alento… Só é inteiro quem não se dá, quem não arrisca, quem não se atreve. Só é inteiro quem nunca amou.

Prece

Diz-me por onde ir porque já não enxergo o caminho. Sê o meu farol, indica-me a direção. Orienta-me por este tortuoso trajeto para que eu não tropece. Faltam-me as forças, mas, sobretudo, falta-me o ânimo. Sinto que me abandonaste entregue à minha própria sorte. Não tenho dado pela tua presença, preciso de um sinal. Mostra-me que estás comigo, porque ao olhar para trás só vejo as minhas pegadas. Não te peço que me carregues ao colo, mas que me ajudes a carregar a cruz, porque é demasiado pesada para mim.