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Mensagens

A mostrar mensagens de 2013

Sufoco

O rosto sereno não denuncia o turbilhão interior que a queima como ferro em brasa. Uma serenidade ensaiada, tão falsa quanto a simpatia fingida que lhe é oferecida. Finge tão dolorosamente que a dor chega a ser física.  O coração que era grande anda cada vez mais apertado.

Princesa

A gargalhada, espontânea e escandalosamente sonora, ecoou na noite, quebrando o silêncio da rua. Obrigaram-se a engolir o riso, em respeito para com os que, nos seus aconchegos, retemperavam energias de mais um dia de trabalho. Caminhavam abraçados, muito juntos, tremendamente cúmplices. Sempre fora assim, desde o momento em que os seus caminhos se cruzaram. Como se estivessem destinados um ao outro, almas gémeas que, por fim, se encontram. O destino unira-os e não os iria separar.  Selou um beijo no seu rosto e chamou-lhe princesa.

Chegar

Chegar. Ficar. Fechar os olhos. Ouvir a chuva que cai, o som do mar, ao longe, a anunciar o Inverno que não tarda já. Uma bebida quente que aquece o corpo e conforta o espírito. O bom de estar só sem ser só.

Só um abraço

Só preciso de um abraço, nada mais do que um abraço. Um abraço apertado, que me prenda para que eu não corra rua fora a gritar. De raiva, de revolta, de fúria, sentindo-me vítima de uma tremenda injustiça. Perguntando e voltando a perguntar “porquê?”. Não há uma resposta que conforte, que acalme esta dor. Sei-o bem. Tu também o sabes. Porque a viveste ou porque conviveste com ela. Só preciso de um abraço, um abraço bem apertado, para sentir que não estou só.

Recordações

Não se esfumam no tempo as recordações, muito menos deixam de estar presentes porque os dias avançam no calendário e as horas repetem ciclos no relógio. Não é o tempo que determina a intensidade ou a força dos sentimentos. Se assim fosse perder-se-iam na espuma dos dias momentos de imensa ternura, histórias de intensa paixão e de amores desmedidos. Fechar os olhos e deixar as memórias emergir pode ser a maior prova de amor.

Sem resposta

Não tenho resposta para todas as tuas perguntas. Não sei explicar porque temos dias em que tudo sobra e, em oposição, outros em que tudo falta. Porque é que o trajecto não se faz sempre por linha recta, sem desvios, percalços, quedas e até trambolhões. Porque se entranha o grão de areia na engrenagem obrigando-nos a aplicar um esforço maior para seguir em frente. Porque nos alegra um dia resplandecente e nos deprimem os dias de chuva. Porque somos capazes de resistir às maiores adversidades nuns dias e sucumbir ao primeiro revés noutros. Porque somos sensíveis em determinados momentos e extremamente indiferentes noutros. Porque nos custa tanto sorrir quando noutras ocasiões à mínima nos perdemos a rir. Sobram as questões, faltam as respostas.