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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2015

As cartas que nunca vais ler

Eis-me a escrever-te mais uma vez, mais uma carta que sei que nunca vais ler. Ficará guardada, algures, como todas as outras que te escrevi. São já tantas, tantas. Escrevo-as para ti, mas não para que as leias. Não sabes, mas começo as frases demasiadas vezes com a palavra NÃO. Saberias se as lesses. NÃO é sinónimo de negação. É sinal de afirmação. E quantas vezes um ato de coragem. É negação quando me recuso a ver as evidências. É afirmação quando enfrento a verdade. É coragem quando ouso dizer NÃO. Não sabes, mas vivo numa montanha russa, ora na adrenalina das alturas, ora na aflição da queda vertiginosa. As cartas que te escrevo são o diagnóstico dessa bipolaridade. Escrever-te esgota-me. Às vezes liberta-me. Não sabes, mas escrever-te é a forma de te manter vivo.

Nunca tive jeito com as palavras

Nunca tive jeito com as palavras. Caíam qual folhas secas no despontar do Outono quando me envolvias em teus braços e me transportavas para outra dimensão. Nunca tive jeito com as palavras. Sumiam-se de cada vez que desenhavas no abstracto um futuro de sonho e me fazias crer no impossível. Nunca tive jeito com as palavras. Ficavam estranguladas na garganta quando dizias que eu era o teu mundo e me fazias sentir a estrela mais brilhante do Universo.   Nunca tive jeito com as palavras. Não fui capaz de, através delas, fazer-me entender quando tentei justificar o injustificável. Não perdoaste o imperdoável e eu, sem jeito com as palavras, deixei o silêncio falar mais alto. Nunca tive jeito com as palavras. Não as encontrei quando precisei delas para dar respostas às tuas questões. Impuseste o ponto final. Nunca tive jeito com as palavras. Não achei que fosse importante dizê-las porque achava que me entendias sem que fosse necessário falar. Não aprendeste a