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A mostrar mensagens de julho, 2020

Regresso ao passado

Regresso, amiúde, ao passado. Quando a ausência faz doer entrego-me aos pensamentos, mergulho na emoção de dias felizes e deixo-me envolver por doces recordações. Nessa espécie de viagem virtual (re)vivo esse tempo em que o futuro não era mais do que um horizonte longínquo. Mas o tempo, esse supremo traidor, corre, pula e avança como se tivesse pressa de chegar a algum lado. Como quem derruba peças de um dominó, abrevia as horas, os dias, os anos, tornando cada vez mais extenso o caminho percorrido e cada vez mais diminuto o percurso a trilhar. Não tinha a noção do finito. Fui esbarrando nessa incontornável realidade, ao longo do tempo. São já tantos os embates! As marcas ficam no coração e na alma. Regresso, por isso, muitas vezes ao passado. Para trazer ao presente quem se foi, para apaziguar a dor e a saudade.  

Ódio

Não é da raiva que te falo. É de um sentimento tanto ou mais corrosivo, que, sorrateiramente, se foi instalando e ganhando vontade própria. Estás preso nos seus tentáculos e já não o controlas. Reside em ti, às vezes adormecido, outras em total ebulição, mas sempre presente. Sabes de que te falo? Tomou conta de ti, não te dás conta? É ele no comando quando vociferas palavras cáusticas, expondo essa amargura que fez morada em ti, aniquilando o quanto de bom encerras no teu íntimo. É tóxico, puro veneno. O teu maior erro foi tê-lo deixado entrar, tornou-se hóspede permanente. Mora em ti. Tu já não és tu. És um ser completa e totalmente subjugado, mas que pensa ter ainda controlo sobre as suas emoções.   Não percas, contudo, a esperança. Há um antídoto eficaz para matar esse bicho mordaz e letal que é o ódio. Chama-se AMOR. Deixa-o entrar no teu coração.

Pertença

Não o pode chamar de seu. Contudo, pertence-lhe. Não porque detenha sobre ele qualquer domínio. Não possui legitimidade para reivindicar a sua posse ou regatear exclusividade. É seu, porém. Abrigo nas tempestades, aconchego na instabilidade, regaço sempre disponível. Confidente de todas as horas, testemunha das emoções mais extremas, da dor lancinante à felicidade plena. Como não o chamar de seu? Como não o sentir parte de si? Não é só um lugar, um sítio. É onde ele se sente e permite ser inteiro. Por isso, o tem como seu.