Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2010

Espaço Protegido

"Quero dar-te momentos que não queiras esquecer Usar o tempo sem pressa de viver" in Espaço Protegido - Pedro Camilo

A sós

Aprecio, mas sobretudo preciso, de momentos longe da azáfama e do barulho para me encontrar, perdida que, por vezes, me sinto. É nesses instantes que olho para dentro de mim e procuro respostas para o que não consigo entender ou tenho relutância em aceitar. É a sós que me encontro e renovo energias, fazendo das fraquezas forças para enfrentar as adversidades. É no silêncio que as ideias clarificam e a névoa se dissipa, deixando ver a luz de um novo dia.

Noite

Deixei de gostar da noite na noite em que partiste. Quando ela chega, por vezes dissimulada e abruptamente tantas outras, a pedir intimidade, cresce a angústia em mim. Continuo a não saber lidar com os sentimentos e as emoções que me assaltam a cada fim de dia. A noite parece ainda mais escura, mais fria e infinitamente mais longa do que nunca. Pergunto-me se algum dia vou reaprender a gostar da noite e, lamentavelmente, a resposta parece-me demasiado óbvia. O fantasma da tua partida continua a pairar por aí, em cada lugar que já foi nosso, e a assombrar a minha (sobre)vivência.

Palavras

Palavras. Soltas, podem até ser banais, quase insignificantes, porém, juntas, elas valem imenso, têm uma força e um poder dantescos. Harmoniosamente conjugadas são como uma obra de arte, de encanto e beleza sublimes. Podem fazer rir, sorrir, arrebatar almas. Podem também ser dor, ferir, desencadear lágrimas. Simples quando as queremos simples, soberbas quando as fazemos soberbas, hão-de ser sempre palavras.

Eu

Conheces-me, tão bem quanto eu própria. Ambos sabemos que sim. Também te sei de cor. Mas há momentos que são só meus.

Desalento

Desalento. É desalento o que sente ao constatar que tudo deu sem receber nada em troca. Investiu o melhor de si, deu o que podia e o que não podia. Nada recebeu. Persiste, por isso, a sensação de desânimo, esse baixar de braços. Afinal, nem todo o esforço foi suficiente.

Mulher madura

Li algures que as mulheres são como as cerejas; quanto mais maduras, mais doces. Ora, ora, eu bem sabia que isto de ser madura tem as suas vantagens!

Nuvens

À espera que as nuvens se dissipem e a inspiração regresse. Não gosto da folha em branco.

Teu mundo

Deixa-me entrar no teu mundo. Quero saber que lugar é esse onde te refugias, perceber que encantos encerra. Que buscas lá que eu não tenha, que não possa dar-te? Deixa-me entrar e sentir a alegria que te faz sorrir, a dor que te magoa. Quero vibrar com o riso estrondoso da tua gargalhada e saborear o gosto salgado das tuas lágrimas. Deixa-me entrar no teu mundo para que eu possa mostrar-te que tu és o meu mundo.

Primavera

Como quem espera alguém que não vê há muito. Assim espero eu a Primavera.

Ocaso

O ocaso em todo o seu esplendor Íntimos, o rio e o mar em mais uma lenta despedida de um dia que se desvanece Instantes de puro deleite e encanto Beleza serena e portentosa O Cávado e o Oceano como que se aquietam para consentir que o sol se oculte, desaparecendo de mansinho, quase como que por magia Sublime esse brilho reflectido na água formando um imenso espelho que arte e mestria de artista algum conseguem igualar Ao contemplar tamanho espectáculo segreda meu coração que beleza tamanha não há como o pôr-do-sol em Esposende Este post foi publicado em simultâneo neste blog e em http://esposendeimagens.blogspot.com/ Fotografia - João Octávio Meira Texto - Alda Viana

Talentos

Há uma expressão bíblica de que me lembro com alguma frequência, que tem a ver com pôr os talentos a render . Toda a gente é boa em alguma coisa, estou convencida. Logo, todos temos capacidades, ainda que nem todos possam ter consciência de qual é o seu verdadeiro talento. Pessoas há que cedo perceberam qual o seu verdadeiro dom, outras andam toda a vida sem o descobrir. Pôr os talentos a render é tirar partido daquilo em que somos naturalmente bons; há quem o seja na música, no futebol, na moda, na cozinha… Isto para dizer que espero um dia pôr o meu talento a render, seja ele qual for…

Nostalgia

Perdi a conta aos anos que te conheço Um dia chegaste de mansinho, sem te fazeres anunciar, e eu abri-te a porta Vieste uma e outra vez e eu recebi-te sempre, sem reservas, como acontece com os amigos Sem dia nem hora marcada irrompias por aí adentro e ficavas a fazer-me companhia, às vezes tempo demais… agora percebo que era tempo demais Os anos foram passando e continuamos a encontrar-nos e à força de tanto privarmos é como se fosses já parte de mim Mas hoje, lamento dizer-te, hoje não quero a tua companhia, cara nostalgia

Fim

Perdi-te sem saber como nem quando Sei agora que já não me pertences e pergunto-me se alguma vez foste verdadeiramente meu Hoje já não corro, já não tenho pressa, o mundo lá fora pode esperar As prioridades de ontem são agora insignificâncias Porque te perdi Como foi que te perdi se os nossos corações batiam no mesmo compasso, se era tão belo, tão raro, tão precioso, tão único o que nos unia O nós não existe mais Só eu, aqui perdida, vazia por dentro A perguntar como, quando, onde, porquê A tentar escrever o lead do fim de uma história onde os protagonistas fomos nós

Espera

No silêncio buscas a paz, o conforto, a serenidade, a alegria de dias passados, perdidos lá longe no tempo, onde não mais os alcançarás. Na sombra esperas a luz, o sol, o calor que há-de encher o teu coração e fazer-te, uma vez mais, ainda que só mais uma vez, sentir viva.

Silêncio em mim

Faz-se silêncio em mim quando tu não estás Faz-se silêncio em mim a cada despedida Faz-se silêncio em mim sempre e de cada vez que te procuro e não te encontro Faz-se silêncio em mim quando estás presente, quando palavras não precisam ser ditas, quando os teus braços em volta de mim me trazem paz e o teu olhar serena a minha inquietude.

E depois do Adeus

Quis saber quem sou O que faço aqui Quem me abandonou De quem me esqueci Perguntei por mim Quis saber de nós Mas o mar Não me traz Tua voz Em silêncio, amor Em tristeza e fim Eu te sinto, em flor Eu te sofro, em mim Eu te lembro, assim Partir é morrer Como amar É ganhar E perder Tu vieste em flor Eu te desfolhei Tu te deste em amor Eu nada te dei Em teu corpo, amor Eu adormeci Morri nele E ao morrer Renasci E depois do amor E depois de nós O dizer adeus O ficarmos sós Teu lugar a mais Tua ausência em mim Tua paz Que perdi Minha dor que aprendi De novo vieste em flor Te desfolhei... E depois do amor E depois de nós O adeus O ficarmos sós E depois do Adeus - Paulo de Carvalho

Há dias...

Há dias em que as dúvidas se sobrepõem às certezas. Há dias em que o entusiasmo esmorece. Há dias em que o ânimo se deixa cair em desânimo. Há dias... Será a culpa dessa coisa a que chamam estado de espírito? Que poder é esse que num momento te atira para o mais alto dos picos e, no instante seguinte, te derruba e te faz sentir como se carregasses o mundo às costas? Que poder tem, afinal, isso a que chamam estado de alma, que num dia é alegria, noutro tristeza, num dia é raiva, noutro desencanto? Como explicar que essa coisa possa mais que a tua vontade, te domine e controle? Grita, reage, não te fiques. Deixa o ardor que remói em lume brando no teu íntimo fazer chama. Deixa esse fogo arder e queimar essa coisa a que chamam estado de espírito para que não mais decida os dias em que deves estar feliz ou estar triste.

Viver a vida

Tenho estado imóvel ao lado da vida, vendo-a passar por mim. Quero mergulhar no rio. Quero sentir a corrente. O pensamento do personagem feminino do romance de Nancy Horan, Querido Frank, cuja leitura iniciei recentemente, traduz-se, tão só e apenas, numa palavra: emoção. Esse é o sentimento que todos procuramos e desejamos sentir para dar cor e gosto à vida. Quantas vezes muitos de nós não têm a sensação de ser um mero espectador da vida, de a ver passar sem que verdadeiramente a sintam ou a vivam. Faz-nos falta a emoção, seja ela traduzida da forma que for: alegria, amor, amizade… O importante é mergulhar na vida, sentir a corrente , ainda que isso signifique cometer erros, sofrer desgostos e desilusões. A emoção vai lá estar, sempre. Viver a vida é isso, é sentir.

Pessoa

Uma pessoa é muito mais do que o seu aspecto físico. Dedução lógica: é errado julgar as pessoas pela aparência.

Circo de feras

Há músicas que, definitivamente, nos marcam. Hão-de sempre caminhar connosco e hão-de sempre ser ouvidas com um misto de prazer e de nostalgia, passem os anos que passarem . A “minha" música é Circo de Feras , dos Xutos e Pontapés. Não é preciso música, as palavras bastam. A vida vai torta Jamais se endireita O azar persegue Enconde-se à espreita Nunca dei um passo Que fosse o correcto Eu nunca fiz nada Que batesse certo Enquanto esperavas no fundo da rua Pensava em ti e em que sorte era a tua Quero-te tanto...(quero-te tanto) Quero-te tanto...(quero-te tanto) De modo que a vida É um circo de feras E uns entre tantos São as minhas feras Nunca dei um passo Que fosse o correcto Eu nunca fiz nada Que batesse certo Enquanto esperavas no fundo da rua Pensava em ti e em que sorte era a tua Quero-te tanto...(quero-te tanto) Quero-te tanto...(quero-te tanto) Circo de Feras - Xutos e Pontapés

Nas teias do amor

Os dias decorreram vagarosos, as horas arrastando-se no relógio. Um dia atrás do outro e a saudade a crescer dentro do peito até apertar o coração, o fazer doer. Nunca tinha sequer suposto que o amor fosse isso, essa quase angústia que chega a ser dor. Estava longe de imaginar que amar era necessitar do outro para respirar, para estar vivo. Amo-te tanto , dizia sem falar, tantas vezes quantas as que esbarrava nele. E esbarrava tantas vezes nele. Sentia a ansiedade crescer ao ritmo da contagem decrescente para o reencontro. Perdeu a noção do tempo e do espaço quando, por fim, os seus olhos se cruzaram e se abandonou nos seus braços. O seu corpo parecia ter vontade própria, não era já dona de si. Amo-te tanto , ouviu-o dizer baixinho, a voz trémula de emoção, percebendo então que também ele estava irremediavelmente preso nas teias do amor.