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Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2010

Trazes-me agarrado a ti...

Oferecida, sem pudor, ao meu olhar, envolves-me na tua sedução e eu deixo-me arrebatar. Rendido, quedo-me a olhar-te, alheio aos ponteiros do relógio. Tens esse dom de me prender, de me trazer agarrado a ti, de me envolver nessa esfera de enlevo. Faço-me pequenino com receio de esbarrar na tua grandiosidade travestida de serenidade. Deixo-me ficar por aqui, alheio ao mundo, desfiando horas, porque me trazes agarrado a ti. Este post foi publicado em simultâneo neste blog e em h ttp://esposendeimagens.blogspot.com/ Texto - Alda Viana Fotografia - João Octávio Meira

Ruas desertas

Gosto de ruas desertas, despidas do rebuliço e da confusão. Sabe bem caminhar ao acaso, sem pressa, por esses lugares onde vidas se cruzam, na azáfama de querer correr mais do que o próprio tempo. Por essas ruas passam almas sofridas e corações transbordando de alegria e de paixão, gente humilde e gente que se acha muito importante. Gosto da quietude das ruas desertas, dessa ausência de pessoas e de sons, de me perder por esses caminhos na aventura da descoberta. A cada esquina vislumbram-se novos cenários, de um passado que outrora foi presente. As ruas não são apenas locais de passagem, são espaços que guardam memórias de vidas passadas, histórias de gente sem história e de gente que fez história. Sabe bem invadir ruas desertas.

(Des)Esperança

Procurar sem achar. Desejar sem alcançar. O rastilho da esperança continua a consumir-se.

Reencontro

Ensaiei incontáveis vezes as palavras que te diria acaso voltasse a encontrar-te. Escolhia-as meticulosamente, procurando a que mais te pudesse ferir. Guardei a raiva e a fúria que despertaste em mim para te poder arremessar sem dó nem piedade. Queria ofender-te, chamar-te nomes, despejar insultos e toda a cólera que carrego comigo. Queria fazer-te sentir um farrapo, tal qual me sinto desde esse dia em que partiste sem sequer dizer adeus. Queria que sentisses bem fundo a dor de ser pisado, a mágoa da rejeição, o sofrimento dessa ferida aberta incapaz de sarar. Senti o chão fugir-me debaixo dos pés ao voltar a olhar-te de frente. Abri a boca, mas não fui capaz de articular palavra. Olhei no fundo dos teus olhos e vi neles arrependimento, mas não esperei pelo pedido de desculpas. Atordoada, no desespero de fugir de ti, embrenhei-me no meio da multidão, parecendo-me ter ouvido chamares o meu nome.

Como se fora a primeira vez...

Sinto-me tocada pela emoção a cada (re)encontro com o rio, meu confidente em horas de melancolia Ao contemplar essa beleza exposta perante o meu olhar, emudeço como se tivesse perdido a capacidade de me expressar, deixando-me inebriar por essa formosura que me é oferecida e que clama ser desfrutada Deixo-me enfeitiçar pela claridade da manhã, pelo esplendor da tarde, pelo encanto do brilho da noite, reflectidos nessas águas Como se fora a primeira vez Este post foi publicado em simultâneo neste blog e em h ttp://esposendeimagens.blogspot.com/ Texto - Alda Viana Fotografia - João Octávio Meira

Paixão

Toda uma vida não chega para te amar. As tuas palavras ecoam na minha cabeça, transportando-me para um outro tempo e um outro lugar. Abraçaste-me, então, num abraço tão apertado como se tivesses medo de me perder. Senti-te frágil, como frágil me sinto agora, aqui, perante este imenso Oceano. Toda uma vida não chega para te amar. Pego nas tuas palavras e repito-as em voz alta. Invade-me um turbilhão de emoções, sinto o coração a crescer dentro do peito e corro, como se fugisse da inevitabilidade do destino. Toda uma vida não chega para te amar. A cada vaivém, as ondas trazem-me a tua voz. Dou-me conta de que não adianta fugir e detenho-me. Ao sentir os pés afundar-se na areia percebo que estou presa no redemoinho da paixão.

Seguir em frente

Sigo por essa estrada sem saber onde ela me vai levar. Na verdade, pouco importa para onde vou quando o que verdadeiramente interessa é seguir em frente. É imperioso que avance deixando para trás tudo aquilo que já não me faz feliz. Comecei a escrever um novo guião para a minha vida onde o Eu surge em primeiro lugar.

Alma gémea

O dia há-de suceder à noite e a noite suceder ao dia. Ela vai lá estar, dois braços à sua espera e um colo para o aconchegar. Há-de vir o Verão, depois o Outono, o Inverno e, de novo, a Primavera. Ela vai continuar lá para o receber, oferendo-lhe o seu corpo de Mulher, onde ele se perde e se encontra em ondas de sublime prazer. Há-de vir um e outro dia, meses, anos. Ela continuará a ser o seu porto de abrigo, o refúgio na tempestade. Ainda que esvaeça o brilho dos seus olhos e as rugas acusem os anos passados ela há-de ser sempre a sua alma gémea.

O teu silêncio

Perco-me no rol dos porquês, na infindável lista de interrogações para as quais não encontro respostas. Adormeço a perguntar e pergunto desde que acordo. De ti, só o silêncio, esse terrível silêncio que me ensurdece, que faz aumentar a minha angústia, que me consome. Quisera eu perceber o porquê desse silêncio, para acalmar esta dor. Quisera eu poder olhar-te nos olhos e derreter essa frieza que me gela o corpo e a alma. Quisera eu, se tu consentisses, deixar de ser sombra para ser luz.

Sofrer por amor

Nada mais te resta do que recordações, lembranças que, à medida que o tempo vai passando, se vão desvanecendo mais e mais. O tempo tem esse apaziguador efeito de tornar cada vez menos presentes e dolorosas as memórias, esse fantasma que te acompanha os dias e ensombra as noites. Há muito que viraste a página dessa história que pensavas ser uma história de amor. Na ânsia de ser amado, cego de desejo, acreditaste que eras correspondido. Mera ilusão. Tremenda desilusão. Quem disse que os homens não sofrem por amor?

Mãos que falam

Mãos que falam Mãos que afagam, que embalam, que acariciam Mãos que protegem, que se estendem, que alcançam Mãos de trabalho, de labuta, de faina Mãos que se abrem, que se fecham Mãos que dão, que tiram Fortes ou suaves, rudes ou macias Dizem de ti mais do que poderias querer desvendar

Na vertigem dos dias

Perdemo-nos na vertigem dos dias, como se ignorássemos que a vida é efémera. Subjugamo-nos às coisas materiais e ao supérfluo desprezando a essência. Agarramo-nos a coisas irrisórias como se nelas estivesse contida a fórmula da felicidade. Preferimos viver no engano, acreditando que assim somos felizes ou que, deste modo, construímos a felicidade do amanhã. De quando em vez a vida dá-nos sinais de que não é por aqui o caminho. Chega fria e crua a notícia de quem terminou cedo a senda da vida. Abalados pelo choque, abrandamos o passo por instantes e chegamos até a repensar a nossa vida, mas logo, logo, voltamos à vertigem dos dias, com uma voracidade que nunca se esgota quando, afinal, o mais importante está mesmo ali, só que andamos muito ocupados para reparar.

Dia perfeito

Um dia de sol, perfeito. Há coisas fantásticas, não há?

O tempo que faz

O calendário diz que estamos na Primavera. Ninguém diria.

Fazer o que ainda não foi feito

"Fazer o que ainda não foi feito" é mais um grande tema, ao estilo de Pedro Abrunhosa. Gosto mesmo muito da sua forma de "dizer" música e continuo a achar que as suas letras têm alma. Eu fã, me confesso.

Empatia

É deliciosa a sensação de empatia que travamos com determinadas pessoas que se cruzam na nossa vida. É assim quase como que amor à primeira vista. Gostamos e pronto. Não é algo que controlemos, é superior à nossa vontade; ou há ou não há empatia. Também não é algo que tenha que ver com o nosso estado de espírito no momento; não estamos receptivos a criar empatia porque simplesmente estamos para aí virados. É um prazer estar com alguém com quem temos afinidade e estamos em sintonia, a conversa parece que nunca se esgota e ainda que se faça silêncio há cumplicidade. A empatia é, pois, o princípio da amizade ou, quem sabe, do amor.