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Mensagens

A mostrar mensagens de 2010

Luz

Inquieta, na ansiedade própria de quem espera, olho uma vez mais o relógio, como se o gesto apressasse a tua chegada. Parecem arrastar-se sem pressa esses ponteiros que ditam o início e o fim dos dias, indiferentes à inquietude que me faz parecer fraca e frágil e completamente dependente da tua presença. Não sei que fazer para contornar este sentimento que me domina e este aperto no coração face à tua ausência, quando tudo o resto é nada e o vazio se instala e torna frios e cinzentos os dias. E eis que chegas e, num abraço, desvaneces as nuvens que encobriam a luz e tornas radiante um dia pardacento.

Escolhe sentir

Gira o mundo com pressa E tu, aí, a ver o carrossel da vida rodar Ouves chamar para tomares o teu lugar Porém, continuas estático Não te moves porque isso implica embarcares no redemoinho de emoções a que queres fugir Esquivas-te porque sentir é coisa que não queres Preferes manter-te nessa redoma Porque é mais cómodo, mais seguro talvez Mas, infinitamente menos interessante É como se assistisse a um filme sem fazeres parte dele Sentes o apelo para te envolveres Porém, continuas na retranca Não de inibas, não te furtes a sentir Escolhe sentir

O sentido da vida

Olha para dentro de ti e procura o sentido que há-de dar nexo à tua vida Busca nas experiências vividas o enriquecimento que há-de ajudar-te a enfrentar o futuro Encara os dias que hão-de vir com a sabedoria de quem amadureceu defrontando ventos e marés Deixa-te embalar pela serenidade e confiança de quem nada teme Vive cada dia como se fosse especial e saboreia cada momento como uma dádiva Abre o teu coração e deixa que o brilho da tua alma ilumine os que te rodeiam Sorri, sorri sempre, mesmo perante as maiores adversidades, pois assim te tornarás mais forte

Tranquilidade

Convidas-me a ficar. Tenho mil e um afazeres à minha espera, mas ignoro o sentido da responsabilidade, num claro desafio ao dever. Deixo-me ficar. Invade-me uma deliciosa sensação de tranquilidade e esqueço tudo o resto. Tomo como uma dádiva estes momentos, em que me encontro em perfeita harmonia com a Natureza. Este post foi publicado em simultâneo neste blog e em h ttp://esposendeimagens.blogspot.com/ Texto – Alda Viana Fotografia – João Octávio Meira

Apetece voltar a ser criança

Apetece voltar a ser criança Tirar os sapatos e correr praia fora Soltar gritos de alegria a cada onda que nos beija os pés, uma, outra e ainda outra vez A areia a sumir-se debaixo dos pés, o mar a preparar nova investida e de novo as ondas ao nosso encontro Construir castelos na areia que o mar há-se derrubar quando a maré subir, escavar buracos na areia que hão-de voltar a encher-se Rebolar na areia, jogar à bola, correr livremente Apetece voltar a ser criança

Nada

Que dizer quando não há nada para dizer?

Determinação

Não quero o que tens para me dar, porque é muito pouco Não me bastam essas migalhas de atenção que me dispensas nos intervalos da tua outra vida, onde acredito que não és feliz, mas onde persistes em permanecer e de onde não te consigo desgarrar Não me bastam os momentos de intensa paixão partilhados num turbilhão de adrenalina, nem as palavras doces a prometer um futuro que sei que nunca vai ser nosso Quero, preciso, mereço mais Ainda que a dor de não te ter se assemelhe a uma lança a trespassar o meu coração, o meu amor-próprio há-de valer mais do que o pouco que tens para me dar

Por uma noite

Tocas no rosto enquanto o ar não sai Inspiro sem medo do acto que vem Envolvo os pés como mãos Do toque nasce a nossa ilusão Desenhas os risos de um novo medo Que o peito demonstra sem qualquer sossego Faz tempo que a culpa se foi Ficámos de pensar só depois Do erro. Já pouco nos resta fechar os olhos Escondemos actos sem qualquer receio ou angustia Que nos prende a vontade de sentir O corpo com prazer Rasgas-me a roupa sem qualquer pudor Enquanto buscas o ar pela boca Passeias o teu cheiro no meu corpo Por entre os braços misturo tudo Após o prazer ficaremos mudos Sem saber Se é por uma noite Grito teu nome sem saber Como será o amanhã Foi um sonho real Por uma noite. Por Uma Noite - Klepht

Excesso

Há amores estranhos fundos sem razão são secretos vivem na cumplicidade indizíveis nas palavras que aqui vão são impróprios de viver em liberdade levaram a ternura ao exagero e a um excesso saboroso a nossa pele só compreende quem sente o latejar bem mais dentro que os olhos do olhar, há amores que não posso aqui explicar pois quer queiram quer não inda vivemos na pré-História de um Futuro de cem mil anos nas grutas de um sentir que não sabemos há uma palavra escandalosa e proibida quando se fecha a porta e começa a fantasia e me sento no sofá e desligo-me da vida e fico Senhor completo do teu corpo e o código começou e tu me ofereces o máximo que alguém nos pode dar e a guerra não tem hoje nem tabus são duas vontades grandes que ali estão e mais que as mãos e a boca e o Futuro e o vício de dois corpos seminus amarro em ti a vida que me escapa e acordas-me explicando o mundo todo e cedo a esta raiva que me mata e sinto em ti Mulher, Mulher de mais e houvesse aqui, agora, já, um altar

Quando foi que te perdi?

Onde ficou a cumplicidade que nos unia? Que é feito das palavras doces que me dizias ao ouvido, dos beijos quentes e dos abraços que demoravam a terminar? Não se estendem já os teus braços para me abraçar Não se abre agora o teu sorriso nem os teus olhos brilham ao ver-me Quando foi que te perdi?

Regresso ao passado

Dou por mim chegada ao destino sem memória da viagem que empreendi. Aqui chegada sinto uma estranha inquietude, um desconforto que se agiganta no meu íntimo e me corta a respiração. Faço um esforço titânico para parecer calma, mas vejo-me completamente impotente para travar o despertar dos fantasmas do passado, encarcerados durante anos a fio. Regressar ao sítio onde outrora fomos felizes foi quanto bastou para jogar por terra a teoria de que o tempo tudo cura. Agora sei que não te esqueci e que vivia na ilusão de ter virado a página do passado.

Vulcão

Dentro de mim há um vulcão prestes a entrar em erupção É uma amálgama de raiva, desprezo e ódio Lava incandescente que me queima as entranhas Sinto-me prestes a explodir e nada posso contra esse orgasmo de fel

Escuro

Está escuro e frio.

Repouso

À espera do momento em que abrirás a porta e me encontrarás pronta para te receber.

Apatia

Sais para a rua ao encontro de mais um dia, igual a tantos outros. Repetes as rotinas de sempre, que de tanto as repetires já te fatigam por antecipação. Hás-de regressar a casa ao fim do dia, à espera de outro dia, igualmente previsível, cada vez mais desgastada, como se fosses perdendo um pouco de ti a cada dia. Se te abstraísses dessa espécie de apatia em que vegetas, verias, porventura, os olhos que te miram com ternura e os gestos de simpatia de quem espera uma oportunidade para te fazer feliz.

Dias felizes

Faz felizes os meus dias, pedi-te um dia. Prometeste que sim e eu acreditei. Queria agora poder reescrever a nossa estória. Apagar os momentos em que chorei a tua indiferença, riscar as vezes em que estiveste ausente quando precisei de ti. Quem ama, cuida. E tu esqueceste-te tantas vezes! Tantas que mataste o meu amor por ti. Continuo à espera dos dias felizes, possa o meu coração empedernido voltar a amar.

Dor

Hoje, encontrei-me com a dor e o sofrimento. Sentimos que mergulhamos na mágoa dos outros como se ela fosse nossa, como se conseguíssemos colocar-nos no lugar dos outros. Na verdade, não conseguimos. Assistir à dor e ao sofrimento de alguém é já tão horrível que não é possível imaginar o que sentem e perceber aquilo porque estão a passar. E hoje é só o primeiro do resto dos seus dias.

O mundo lá fora

Para lá da janela há todo um mundo à minha espera, uma espécie de terra prometida, cheia de oportunidades. Parece que está ao alcance da mão, contudo, afigura-se quase inatingível. Esse mundo é um imenso oceano, onde navegam sonhos à espera de se tornarem realidade. Já vi acontecer. Inicialmente ténues, quase apagados, vão ganhando forma, força e robustez, impondo-se pela ousadia, pelo arrojo e pela tenacidade. Não fora assim e não seria verdade que “o sonho comanda a vida”.

Praia

Faz tempo que não vou à praia. Gosto do cheiro a maresia, de sentir o vento na cara e de caminhar junto à água, as ondas a morrer a meus pés. Gosto de sentir o sol a queimar a pele e do aroma do protector solar. Gosto do riso e das brincadeiras das crianças e dos lanches partilhados em família. Cada ida à praia é como um regresso à infância, a um tempo onde, com tão pouco, éramos imensamente felizes.

Medo

Não tenhas medo de sentir medo. Permite-te experimentar ter medo, testar a tua resistência a essa sensação intimidatória e dominadora. Pode ser que te surpreendas, acaso descubras que és superior a esse sentimento que, tantas e tantas vezes, te trava o ímpeto, te corta os passos, te impede de seguir caminho. Permite-te enfrentá-lo, desafiá-lo. Coloca-te à prova e mostra que és capaz de o vencer, contra todas as expectativas. Mostra ao mundo que ter medo é a alavanca para fazer vingar a coragem.

Labirinto

A vida é como um labirinto, com muitos caminhos. Compete-nos escolher qual seguir, com a certeza, porém, de que nem sempre o caminho mais fácil é o melhor.

Pertença

Chamas-me tua e, todavia, sabes que não te pertenço. Pensei que já tinhas percebido que ninguém é de ninguém, mas continuas a querer fazer valer a tua verdade. A verdade, sou eu que te digo, é que nem a mim pertenço. Sou daqui, de além e de parte nenhuma. Vagueio por aí, nesse hiato chamado vida, que nem sempre o é. Por vezes, parece que tenho os pés assentes no chão, mas não passa de ilusão. Quando dou conta, já me transportei para outro mundo, onde vou amiúde, e por lá fico, sozinha, porque, afinal, não sou de ninguém.

Trazes-me agarrado a ti...

Oferecida, sem pudor, ao meu olhar, envolves-me na tua sedução e eu deixo-me arrebatar. Rendido, quedo-me a olhar-te, alheio aos ponteiros do relógio. Tens esse dom de me prender, de me trazer agarrado a ti, de me envolver nessa esfera de enlevo. Faço-me pequenino com receio de esbarrar na tua grandiosidade travestida de serenidade. Deixo-me ficar por aqui, alheio ao mundo, desfiando horas, porque me trazes agarrado a ti. Este post foi publicado em simultâneo neste blog e em h ttp://esposendeimagens.blogspot.com/ Texto - Alda Viana Fotografia - João Octávio Meira

Ruas desertas

Gosto de ruas desertas, despidas do rebuliço e da confusão. Sabe bem caminhar ao acaso, sem pressa, por esses lugares onde vidas se cruzam, na azáfama de querer correr mais do que o próprio tempo. Por essas ruas passam almas sofridas e corações transbordando de alegria e de paixão, gente humilde e gente que se acha muito importante. Gosto da quietude das ruas desertas, dessa ausência de pessoas e de sons, de me perder por esses caminhos na aventura da descoberta. A cada esquina vislumbram-se novos cenários, de um passado que outrora foi presente. As ruas não são apenas locais de passagem, são espaços que guardam memórias de vidas passadas, histórias de gente sem história e de gente que fez história. Sabe bem invadir ruas desertas.

(Des)Esperança

Procurar sem achar. Desejar sem alcançar. O rastilho da esperança continua a consumir-se.

Reencontro

Ensaiei incontáveis vezes as palavras que te diria acaso voltasse a encontrar-te. Escolhia-as meticulosamente, procurando a que mais te pudesse ferir. Guardei a raiva e a fúria que despertaste em mim para te poder arremessar sem dó nem piedade. Queria ofender-te, chamar-te nomes, despejar insultos e toda a cólera que carrego comigo. Queria fazer-te sentir um farrapo, tal qual me sinto desde esse dia em que partiste sem sequer dizer adeus. Queria que sentisses bem fundo a dor de ser pisado, a mágoa da rejeição, o sofrimento dessa ferida aberta incapaz de sarar. Senti o chão fugir-me debaixo dos pés ao voltar a olhar-te de frente. Abri a boca, mas não fui capaz de articular palavra. Olhei no fundo dos teus olhos e vi neles arrependimento, mas não esperei pelo pedido de desculpas. Atordoada, no desespero de fugir de ti, embrenhei-me no meio da multidão, parecendo-me ter ouvido chamares o meu nome.

Como se fora a primeira vez...

Sinto-me tocada pela emoção a cada (re)encontro com o rio, meu confidente em horas de melancolia Ao contemplar essa beleza exposta perante o meu olhar, emudeço como se tivesse perdido a capacidade de me expressar, deixando-me inebriar por essa formosura que me é oferecida e que clama ser desfrutada Deixo-me enfeitiçar pela claridade da manhã, pelo esplendor da tarde, pelo encanto do brilho da noite, reflectidos nessas águas Como se fora a primeira vez Este post foi publicado em simultâneo neste blog e em h ttp://esposendeimagens.blogspot.com/ Texto - Alda Viana Fotografia - João Octávio Meira

Paixão

Toda uma vida não chega para te amar. As tuas palavras ecoam na minha cabeça, transportando-me para um outro tempo e um outro lugar. Abraçaste-me, então, num abraço tão apertado como se tivesses medo de me perder. Senti-te frágil, como frágil me sinto agora, aqui, perante este imenso Oceano. Toda uma vida não chega para te amar. Pego nas tuas palavras e repito-as em voz alta. Invade-me um turbilhão de emoções, sinto o coração a crescer dentro do peito e corro, como se fugisse da inevitabilidade do destino. Toda uma vida não chega para te amar. A cada vaivém, as ondas trazem-me a tua voz. Dou-me conta de que não adianta fugir e detenho-me. Ao sentir os pés afundar-se na areia percebo que estou presa no redemoinho da paixão.

Seguir em frente

Sigo por essa estrada sem saber onde ela me vai levar. Na verdade, pouco importa para onde vou quando o que verdadeiramente interessa é seguir em frente. É imperioso que avance deixando para trás tudo aquilo que já não me faz feliz. Comecei a escrever um novo guião para a minha vida onde o Eu surge em primeiro lugar.

Alma gémea

O dia há-de suceder à noite e a noite suceder ao dia. Ela vai lá estar, dois braços à sua espera e um colo para o aconchegar. Há-de vir o Verão, depois o Outono, o Inverno e, de novo, a Primavera. Ela vai continuar lá para o receber, oferendo-lhe o seu corpo de Mulher, onde ele se perde e se encontra em ondas de sublime prazer. Há-de vir um e outro dia, meses, anos. Ela continuará a ser o seu porto de abrigo, o refúgio na tempestade. Ainda que esvaeça o brilho dos seus olhos e as rugas acusem os anos passados ela há-de ser sempre a sua alma gémea.

O teu silêncio

Perco-me no rol dos porquês, na infindável lista de interrogações para as quais não encontro respostas. Adormeço a perguntar e pergunto desde que acordo. De ti, só o silêncio, esse terrível silêncio que me ensurdece, que faz aumentar a minha angústia, que me consome. Quisera eu perceber o porquê desse silêncio, para acalmar esta dor. Quisera eu poder olhar-te nos olhos e derreter essa frieza que me gela o corpo e a alma. Quisera eu, se tu consentisses, deixar de ser sombra para ser luz.

Sofrer por amor

Nada mais te resta do que recordações, lembranças que, à medida que o tempo vai passando, se vão desvanecendo mais e mais. O tempo tem esse apaziguador efeito de tornar cada vez menos presentes e dolorosas as memórias, esse fantasma que te acompanha os dias e ensombra as noites. Há muito que viraste a página dessa história que pensavas ser uma história de amor. Na ânsia de ser amado, cego de desejo, acreditaste que eras correspondido. Mera ilusão. Tremenda desilusão. Quem disse que os homens não sofrem por amor?

Mãos que falam

Mãos que falam Mãos que afagam, que embalam, que acariciam Mãos que protegem, que se estendem, que alcançam Mãos de trabalho, de labuta, de faina Mãos que se abrem, que se fecham Mãos que dão, que tiram Fortes ou suaves, rudes ou macias Dizem de ti mais do que poderias querer desvendar

Na vertigem dos dias

Perdemo-nos na vertigem dos dias, como se ignorássemos que a vida é efémera. Subjugamo-nos às coisas materiais e ao supérfluo desprezando a essência. Agarramo-nos a coisas irrisórias como se nelas estivesse contida a fórmula da felicidade. Preferimos viver no engano, acreditando que assim somos felizes ou que, deste modo, construímos a felicidade do amanhã. De quando em vez a vida dá-nos sinais de que não é por aqui o caminho. Chega fria e crua a notícia de quem terminou cedo a senda da vida. Abalados pelo choque, abrandamos o passo por instantes e chegamos até a repensar a nossa vida, mas logo, logo, voltamos à vertigem dos dias, com uma voracidade que nunca se esgota quando, afinal, o mais importante está mesmo ali, só que andamos muito ocupados para reparar.

Dia perfeito

Um dia de sol, perfeito. Há coisas fantásticas, não há?

O tempo que faz

O calendário diz que estamos na Primavera. Ninguém diria.

Fazer o que ainda não foi feito

"Fazer o que ainda não foi feito" é mais um grande tema, ao estilo de Pedro Abrunhosa. Gosto mesmo muito da sua forma de "dizer" música e continuo a achar que as suas letras têm alma. Eu fã, me confesso.

Empatia

É deliciosa a sensação de empatia que travamos com determinadas pessoas que se cruzam na nossa vida. É assim quase como que amor à primeira vista. Gostamos e pronto. Não é algo que controlemos, é superior à nossa vontade; ou há ou não há empatia. Também não é algo que tenha que ver com o nosso estado de espírito no momento; não estamos receptivos a criar empatia porque simplesmente estamos para aí virados. É um prazer estar com alguém com quem temos afinidade e estamos em sintonia, a conversa parece que nunca se esgota e ainda que se faça silêncio há cumplicidade. A empatia é, pois, o princípio da amizade ou, quem sabe, do amor.

Espaço Protegido

"Quero dar-te momentos que não queiras esquecer Usar o tempo sem pressa de viver" in Espaço Protegido - Pedro Camilo

A sós

Aprecio, mas sobretudo preciso, de momentos longe da azáfama e do barulho para me encontrar, perdida que, por vezes, me sinto. É nesses instantes que olho para dentro de mim e procuro respostas para o que não consigo entender ou tenho relutância em aceitar. É a sós que me encontro e renovo energias, fazendo das fraquezas forças para enfrentar as adversidades. É no silêncio que as ideias clarificam e a névoa se dissipa, deixando ver a luz de um novo dia.

Noite

Deixei de gostar da noite na noite em que partiste. Quando ela chega, por vezes dissimulada e abruptamente tantas outras, a pedir intimidade, cresce a angústia em mim. Continuo a não saber lidar com os sentimentos e as emoções que me assaltam a cada fim de dia. A noite parece ainda mais escura, mais fria e infinitamente mais longa do que nunca. Pergunto-me se algum dia vou reaprender a gostar da noite e, lamentavelmente, a resposta parece-me demasiado óbvia. O fantasma da tua partida continua a pairar por aí, em cada lugar que já foi nosso, e a assombrar a minha (sobre)vivência.

Palavras

Palavras. Soltas, podem até ser banais, quase insignificantes, porém, juntas, elas valem imenso, têm uma força e um poder dantescos. Harmoniosamente conjugadas são como uma obra de arte, de encanto e beleza sublimes. Podem fazer rir, sorrir, arrebatar almas. Podem também ser dor, ferir, desencadear lágrimas. Simples quando as queremos simples, soberbas quando as fazemos soberbas, hão-de ser sempre palavras.

Eu

Conheces-me, tão bem quanto eu própria. Ambos sabemos que sim. Também te sei de cor. Mas há momentos que são só meus.

Desalento

Desalento. É desalento o que sente ao constatar que tudo deu sem receber nada em troca. Investiu o melhor de si, deu o que podia e o que não podia. Nada recebeu. Persiste, por isso, a sensação de desânimo, esse baixar de braços. Afinal, nem todo o esforço foi suficiente.

Mulher madura

Li algures que as mulheres são como as cerejas; quanto mais maduras, mais doces. Ora, ora, eu bem sabia que isto de ser madura tem as suas vantagens!

Nuvens

À espera que as nuvens se dissipem e a inspiração regresse. Não gosto da folha em branco.

Teu mundo

Deixa-me entrar no teu mundo. Quero saber que lugar é esse onde te refugias, perceber que encantos encerra. Que buscas lá que eu não tenha, que não possa dar-te? Deixa-me entrar e sentir a alegria que te faz sorrir, a dor que te magoa. Quero vibrar com o riso estrondoso da tua gargalhada e saborear o gosto salgado das tuas lágrimas. Deixa-me entrar no teu mundo para que eu possa mostrar-te que tu és o meu mundo.

Primavera

Como quem espera alguém que não vê há muito. Assim espero eu a Primavera.

Ocaso

O ocaso em todo o seu esplendor Íntimos, o rio e o mar em mais uma lenta despedida de um dia que se desvanece Instantes de puro deleite e encanto Beleza serena e portentosa O Cávado e o Oceano como que se aquietam para consentir que o sol se oculte, desaparecendo de mansinho, quase como que por magia Sublime esse brilho reflectido na água formando um imenso espelho que arte e mestria de artista algum conseguem igualar Ao contemplar tamanho espectáculo segreda meu coração que beleza tamanha não há como o pôr-do-sol em Esposende Este post foi publicado em simultâneo neste blog e em http://esposendeimagens.blogspot.com/ Fotografia - João Octávio Meira Texto - Alda Viana

Talentos

Há uma expressão bíblica de que me lembro com alguma frequência, que tem a ver com pôr os talentos a render . Toda a gente é boa em alguma coisa, estou convencida. Logo, todos temos capacidades, ainda que nem todos possam ter consciência de qual é o seu verdadeiro talento. Pessoas há que cedo perceberam qual o seu verdadeiro dom, outras andam toda a vida sem o descobrir. Pôr os talentos a render é tirar partido daquilo em que somos naturalmente bons; há quem o seja na música, no futebol, na moda, na cozinha… Isto para dizer que espero um dia pôr o meu talento a render, seja ele qual for…