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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2011

Dialogar em silêncio

Pode parecer contraditório, mas, por vezes, o diálogo faz-se de silêncio. Nem sempre as palavras são a fórmula para o entendimento. Quantas vezes dizemos tanto sem nada dizer! O silêncio pode ser profundamente esclarecedor, mais até do que uma longa conversa. É importante saber entender o silêncio e, mais ainda, saber ler o silêncio dos outros, porque nem só de palavras se faz a comunicação. É preciosa a relação em que nos fazemos entender sem nada dizer, quando o outro alcança o nosso pensamento. Ao longo da vida, vamos cruzando com pessoas com quem criamos essa empatia, essa espécie de telepatia que ultrapassa a superficialidade das relações. Eventualmente não valorizamos a excepcionalidade dessas afinidades, quiçá porque ainda somos daqueles que achamos que “é a falar que a gente se entende”.

Quero desenhar dias felizes

Quero desenhar dias felizes Inventar novas cores para o arco-íris Atirar salpicos de alegria Tingir de cor cada dia Quero desenhar dias felizes Pintar de encanto e magia a tela da vida Agitar corações e avivar emoções Fazer acontecer o amor Quero desenhar dias felizes Fazer do barulho silêncio Tornar as lágrimas sorrisos Transformar a guerra em paz Quero desenhar dias felizes Banir as nuvens negras Despertar o raiar o sol Inundar a terra de luz Quero desenhar dias felizes…

O teu abraço

Chego com um nó na garganta e não consigo articular palavra. Atiro-me para o teu colo em busca de aconchego e encontro o calor do teu conforto. Não questionas o porquê do meu olhar perdido, que sustém a custo as lágrimas que hás-de ver rolar mal me tomas nos teus braços. Assaltam-te inúmeras perguntas, mas remetes-te ao silêncio até que o meu choro, até então contido, irrompe e quebra esse mudo momento. Apertas-me como se me resgatasses de um naufrágio e sinto-me emergir das profundezas que me sugam. Como que por magia sinto a dor desvanecer-se, aliviando o peso que carregava sobre os ombros. Há-de chegar a altura de falar, mas, por ora, preciso somente o teu abraço.

Carta de amor

Porque não me escreves uma carta de amor? Acaso a ideia parecer-te-á disparatada? Partilharás do pensamento de que “todas as cartas de amor são ridículas” ou receias antes expor-te e desnudar a tua alma? Não temas, pois não são as palavras que te tornarão vulnerável aos meus olhos. Esqueces-te que te sei de cor. Conheço-te demasiado bem, talvez até melhor do que a mim própria. A cada gesto teu, a cada olhar, sou capaz de adivinhar o teu pensamento. Não precisas dizer uma única palavra para eu saber que só queres ficar aconchegado no meu colo, os meus dedos afagando o teu cabelo. Não precisas falar para eu perceber que tens necessidade de desabafares ou de simplesmente seres ouvido. E quando chegas nessa alegria mal disfarçada, quase infantil, também não precisas falar para eu ver que estás feliz ou que algo de bom iluminou o teu dia. Ainda que me digas, sem dizer, que sou importante para ti, sempre gostava que me escrevesses uma carta de amor.