Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2011

Despedida

Não gosto de despedidas. Talvez por isso não tenha percebido, ou não tenha querido ver, que aquele encontro seria o último. O semblante carregado e o tom sério da tua voz pareceram-se apenas indícios de um dia que te teria corrido menos bem. Senti-te rígido quando te abracei, mas atribuí a frieza à temperatura pouco convidativa para um passeio à beira mar. Não consigo lembrar-me das palavras que disseste, por mais que esforce a memória. Penso que terei activado, instintivamente, um qualquer mecanismo de defesa, recusando-me a aceitar a tua vontade. Viraste-me as costas e partiste. Fiquei ali, na praia, sozinha, as ondas a banhar-me os pés, como que a despertar-me para a realidade. Foi o vento que me trouxe de volta e que me leva ao mesmo sítio, onde vou amiúde, na tentativa de enxotar os meus fantasmas.

Recordações

Assaltam-me sem aviso prévio, perseguem-me deixando-me encurralada sem refúgio. Dominam-me sem que possa oferecer resistência, fazem-me refém por espaços que chegam a parecer horas. Quando as julgo esquecidas eis que irrompem ainda mais inflamadas, queimando por dentro como sal na ferida. Não tenho domínio nem vontade, não sou dona do meu querer. Como domador que amansa a fera, assim eu queria amenizar a dor das recordações.

Silêncio

O silêncio não é só a ausência de ruído. É o efeito relaxante que nos envolve e proporciona paz interior. Gosto de ficar a ouvir o silêncio, deixá-lo invadir o meu espaço e instalar-se. É no silêncio que encontro respostas, que me consigo ouvir, que aprendo a escutar. Às vezes, o silêncio é gritante, provoca alvoroço e inquietude, desperta medos e dúvidas, fomenta interrogações. Outras vezes, é apaziguador, clarificador, traz serenidade. O silêncio é muito mais do que a inexistência de barulho. É calma, é paz. É nele que me refugio quando sinto o mundo a escapar-me das mãos.

Há-de sempre haver amanhã

Ainda que pareças estar num beco sem saída E que o fardo que carregas seja demasiado pesado Por mais sombrios que se te afigurem os dias E a tristeza te bata à porta Ainda que tenhas perdido a esperança E já não acredites em milagres Por mais que te digam que não E tu teimes em ouvir sim Ainda que tenhas que recomeçar a cada dia E travar batalhas difíceis Por mais escuros e sinuosos que sejam os caminhos E não possas voltar atrás Há-de sempre haver amanhã