Inquieta, na ansiedade própria de quem espera, olho uma vez mais o relógio, como se o gesto apressasse a tua chegada. Parecem arrastar-se sem pressa esses ponteiros que ditam o início e o fim dos dias, indiferentes à inquietude que me faz parecer fraca e frágil e completamente dependente da tua presença. Não sei que fazer para contornar este sentimento que me domina e este aperto no coração face à tua ausência, quando tudo o resto é nada e o vazio se instala e torna frios e cinzentos os dias. E eis que chegas e, num abraço, desvaneces as nuvens que encobriam a luz e tornas radiante um dia pardacento.
Sempre a vi como o espelho da dor. Dois rudes golpes, a par de todas as outras dores que foi acumulando, mataram-na, ainda que se mantivesse viva. Não é preciso estar na pele do outro para perceber o seu sofrimento, contudo, é impossível medir a mágoa que sufoca o coração e enegrece a alma. Perder um filho, depois o outro. É a morte em vida, seguramente. Resiliência é um eufemismo para quem tem de prosseguir depois de tudo ter acabado. Sobreviver, porque viver é outra coisa.
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