Pode parecer contraditório, mas, por vezes, o diálogo faz-se de silêncio. Nem sempre as palavras são a fórmula para o entendimento. Quantas vezes dizemos tanto sem nada dizer! O silêncio pode ser profundamente esclarecedor, mais até do que uma longa conversa. É importante saber entender o silêncio e, mais ainda, saber ler o silêncio dos outros, porque nem só de palavras se faz a comunicação. É preciosa a relação em que nos fazemos entender sem nada dizer, quando o outro alcança o nosso pensamento. Ao longo da vida, vamos cruzando com pessoas com quem criamos essa empatia, essa espécie de telepatia que ultrapassa a superficialidade das relações. Eventualmente não valorizamos a excepcionalidade dessas afinidades, quiçá porque ainda somos daqueles que achamos que “é a falar que a gente se entende”.
Sempre a vi como o espelho da dor. Dois rudes golpes, a par de todas as outras dores que foi acumulando, mataram-na, ainda que se mantivesse viva. Não é preciso estar na pele do outro para perceber o seu sofrimento, contudo, é impossível medir a mágoa que sufoca o coração e enegrece a alma. Perder um filho, depois o outro. É a morte em vida, seguramente. Resiliência é um eufemismo para quem tem de prosseguir depois de tudo ter acabado. Sobreviver, porque viver é outra coisa.
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