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Pode a tua ausência doer tanto?

Pensar faz doer, reagir afigura-se como um esforço titânico, por isso deixo-me ficar, alheia ao mundo que me rodeia. Não tenho agora o discernimento de outrora, não alcanço já essa réstia de esperança que me mantinha à tona e deixo-me agora submergir por essa onda negativa, sem forças para resistir. Sei que lá fora há vida, mas os meus pés recusam-se a dar um só passo que seja. Sinto o meu corpo pesado, incapaz de erguer-se. Olho-me ao espelho e não reconheço a imagem que ele me devolve. O olhar sem brilho, as linhas do rosto sem qualquer expressão. O barulho da rua traz-me à realidade, arrancando-me do estado de letargia onde vegeto. Abre-se a porta e a luz do dia cega-me, impedindo-me de te ver. Dou conta que voltaste quando me sinto envolvida em teus braços. Pode a tua ausência doer tanto?

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Serei Amor

  Serei morada Porto de abrigo Cais onde ancoras o barco Âncora no mar revolto   Serei casa Regaço que acolhe Abraço que conforta Lar das memórias mais doces   Serei refúgio Lugar seguro Tempo sem tempo Abrigo nas tempestades   Serei certeza nas horas dúbias Luz na escuridão Esperança no desespero Alegria no descontentamento   Serei confidente Guardiã de todos os teus segredos Fiel depositária das tuas partilhas Confessionário dos teus pecados   Serei música Silêncio se o desejares Frenesim na quietude Calma na agitação   Serei o que quiseres que seja Sempre e quando o queiras Serei para ti o que queria fosses para mim Serei AMOR

Nem sempre...

Nem sempre razão e coração casam, mas fazem alianças. Nem sempre o amor cura, mas faz verdadeiros milagres. Nem sempre um abraço atenua a dor, mas imprime energia. Nem sempre falar resolve, mas alivia. Nem sempre são firmes os meus passos, mas regem-se pela verticalidade.  Nem sempre são assertivas as minhas palavras, mas refletem a verdade de cada momento.  Nem sempre sou o que esperam de mim, mas o que posso ser para os outros.  Nem sempre dou tudo o que poderia, mas o que sou capaz de oferecer.

Homem do mar

  Chega manhã bem cedo, numa rotina que cumpre religiosamente. Passos arrastados de quem carrega décadas de vida e as mazelas de uma infinidade de pequenos nadas e abalos de maior grandeza. Não estão à vista essas mazelas, fizeram morada por dentro, numa marca indelével que há de levar para a cova. Endireita as costas que teimam em curvar-se, fazendo-se ereto. Ergue os ombros e olha o mar, de frente, qual forcado enfrentando o touro na arena, em jeito de desafio. Conhece-o bem. Aprendeu a conhecê-lo antes sequer de se fazer homem. Sabe das suas manhas, dos seus caprichos, da sua imprevisibilidade. Respeita-o, porque o conhece. Sabe que pode ser traiçoeiro, ah como sabe. Não permite que as más memórias emerjam, antes as quer ocultas nesse negrume que habita em si, que lhe envolve o coração. Desconhece de que matéria é feito, tão pouco sabe que resiliência é a armadura de que se revestiu para sobreviver.