Procura sinais e não enxerga as
evidências mesmo diante dos seus olhos. Não olha além da superfície, por isso
não alcança as respostas. É como se uma espessa neblina formasse uma cortina
que a impossibilita de ver. Vive como se o tempo lhe fugisse por entre os
dedos, lamentando cada dia que passa sem encontrar o que anseia. Não lhe ocorre
sequer que a felicidade pode estar à porta, à espera de ser convidada a
fazer-lhe companhia.
Sempre a vi como o espelho da dor. Dois rudes golpes, a par de todas as outras dores que foi acumulando, mataram-na, ainda que se mantivesse viva. Não é preciso estar na pele do outro para perceber o seu sofrimento, contudo, é impossível medir a mágoa que sufoca o coração e enegrece a alma. Perder um filho, depois o outro. É a morte em vida, seguramente. Resiliência é um eufemismo para quem tem de prosseguir depois de tudo ter acabado. Sobreviver, porque viver é outra coisa.
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