Não tenho
resposta para todas as tuas perguntas. Não sei explicar porque temos dias em
que tudo sobra e, em oposição, outros em que tudo falta. Porque é que o
trajecto não se faz sempre por linha recta, sem desvios, percalços, quedas e até
trambolhões. Porque se entranha o grão de areia na engrenagem obrigando-nos a aplicar
um esforço maior para seguir em frente. Porque nos alegra um dia resplandecente
e nos deprimem os dias de chuva. Porque somos capazes de resistir às maiores
adversidades nuns dias e sucumbir ao primeiro revés noutros. Porque somos
sensíveis em determinados momentos e extremamente indiferentes noutros. Porque
nos custa tanto sorrir quando noutras ocasiões à mínima nos perdemos a rir. Sobram as
questões, faltam as respostas.
Sempre a vi como o espelho da dor. Dois rudes golpes, a par de todas as outras dores que foi acumulando, mataram-na, ainda que se mantivesse viva. Não é preciso estar na pele do outro para perceber o seu sofrimento, contudo, é impossível medir a mágoa que sufoca o coração e enegrece a alma. Perder um filho, depois o outro. É a morte em vida, seguramente. Resiliência é um eufemismo para quem tem de prosseguir depois de tudo ter acabado. Sobreviver, porque viver é outra coisa.
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