Só preciso
de um abraço, nada mais do que um abraço. Um abraço apertado, que me prenda
para que eu não corra rua fora a gritar. De raiva, de revolta, de fúria,
sentindo-me vítima de uma tremenda injustiça. Perguntando e voltando a
perguntar “porquê?”. Não há uma resposta que conforte, que acalme esta dor.
Sei-o bem. Tu também o sabes. Porque a viveste ou porque conviveste com ela. Só
preciso de um abraço, um abraço bem apertado, para sentir que não estou só.
Sempre a vi como o espelho da dor. Dois rudes golpes, a par de todas as outras dores que foi acumulando, mataram-na, ainda que se mantivesse viva. Não é preciso estar na pele do outro para perceber o seu sofrimento, contudo, é impossível medir a mágoa que sufoca o coração e enegrece a alma. Perder um filho, depois o outro. É a morte em vida, seguramente. Resiliência é um eufemismo para quem tem de prosseguir depois de tudo ter acabado. Sobreviver, porque viver é outra coisa.
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