Fomos o
tanto que por ser demasiado não soubemos manter. Fomos o tudo que quisemos para
sempre esquecendo que o eterno só o é enquanto dura. Fomos o real quando as
nuvens eram o nosso chão. Fomos verdade na mentira de uma história por contar.
Fomos estrela sem firmamento porque não cabíamos no infinito. Fomos certeza na
dúvida do futuro. Fomos luz nas trevas. Fomos paz na guerra. Fomos silêncio no tumulto.
Fomos água na terra árida. Fomos brasa no frio do Inverno. Fomos.
Sempre a vi como o espelho da dor. Dois rudes golpes, a par de todas as outras dores que foi acumulando, mataram-na, ainda que se mantivesse viva. Não é preciso estar na pele do outro para perceber o seu sofrimento, contudo, é impossível medir a mágoa que sufoca o coração e enegrece a alma. Perder um filho, depois o outro. É a morte em vida, seguramente. Resiliência é um eufemismo para quem tem de prosseguir depois de tudo ter acabado. Sobreviver, porque viver é outra coisa.
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