Trazes
no olhar os dias e as noites em que a minha ausência te doeu. Carregas a
saudade dos abraços onde encontravas a bonança. Vives uma vida que não é tua
ainda que te pertença. Permaneces no passado mesmo a viver o presente. Sei que
vivo em ti. Sei que sim. Sei que por mais dias, meses, anos que passem se
avivam as recordações ao invés de se diluírem. Seguiste o teu caminho, porém
levaste-me contigo.
Sempre a vi como o espelho da dor. Dois rudes golpes, a par de todas as outras dores que foi acumulando, mataram-na, ainda que se mantivesse viva. Não é preciso estar na pele do outro para perceber o seu sofrimento, contudo, é impossível medir a mágoa que sufoca o coração e enegrece a alma. Perder um filho, depois o outro. É a morte em vida, seguramente. Resiliência é um eufemismo para quem tem de prosseguir depois de tudo ter acabado. Sobreviver, porque viver é outra coisa.
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