É com o
olhar que te falo quando preciso do teu abraço ou quando necessito estar só por
sentir que dois são uma multidão. O meu olhar é o braille que aprendeste a ler
sem precisares sentir o relevo nas pontas dos dedos. Sabes quando preciso do
amigo ou do amante, quando ficar ou partir. De nada
valem as palavras se não fores capaz de ler no meu olhar o que me vai no íntimo.
Sempre a vi como o espelho da dor. Dois rudes golpes, a par de todas as outras dores que foi acumulando, mataram-na, ainda que se mantivesse viva. Não é preciso estar na pele do outro para perceber o seu sofrimento, contudo, é impossível medir a mágoa que sufoca o coração e enegrece a alma. Perder um filho, depois o outro. É a morte em vida, seguramente. Resiliência é um eufemismo para quem tem de prosseguir depois de tudo ter acabado. Sobreviver, porque viver é outra coisa.
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