E, então, quando pensas que tens tudo sob
controlo, vem uma onda e arrasta-te, sem sequer te dar tempo para reagires. Já
só te dás conta da tempestade quando derivas no alto mar, fustigado pela forte
ondulação e sem vislumbrar qualquer porto de abrigo. De nada vale gritares
porque não te farás ouvir. Contudo, gritas, gritas até estares esgotado. E eis
que vês a luz, a luz que nunca deixou de estar presente, mas que não vias
porque estavas cego pelo desespero. Consegues ver claro agora, as ondas
amainaram e as águas são calmas. A tempestade passou. Venceste-a. Lembra-te,
porém, que as tempestades surgem quando menos as esperas.
Quando o silêncio é tão estrondosamente ruidoso retumba no peito e agita a mente. Não se ouve, contudo, grita. É avassalador. Assume o poder das mais duras palavras, é eco de uma multidão. É poderoso, porque domina, torna refém. Não permite refúgios nem evasões. É inteiro, porquanto preenche, toma todas as dimensões. Mil vezes os gritos. Tal silêncio não traz serenidade nem acalma. Mata.
Comentários
Enviar um comentário