O aroma perpassou-lhe
as narinas e despertou-lhe os sentidos. Como que sacudida de um sono tranquilo mergulhou
numa espiral de recordações. As memórias, sempre elas, a arrastarem-na para um passado
que ainda não conseguira deixar para trás. O olfacto convocou os demais
sentidos e ela deixou-se levar. Esqueceu-se de onde estava e de tudo quanto a
rodeava. Estava de novo no tempo e na história que quisera para sempre, pudesse
ter mão no destino. Não foi a brisa que lhe arrepiou a pele. Foi a intensidade
das recordações. Porque o Amor tem muitos aromas.
Quando o silêncio é tão estrondosamente ruidoso retumba no peito e agita a mente. Não se ouve, contudo, grita. É avassalador. Assume o poder das mais duras palavras, é eco de uma multidão. É poderoso, porque domina, torna refém. Não permite refúgios nem evasões. É inteiro, porquanto preenche, toma todas as dimensões. Mil vezes os gritos. Tal silêncio não traz serenidade nem acalma. Mata.
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