Um vazio incomensurável tomou conta de si. Por
momentos, o chão pareceu fugir-lhe dos pés, uma tontura quase o derrubou. Um silêncio
gritante ecoava na sua mente, não lhe permitindo sequer pensar. Intentou uma
passada, mas as pernas não lhe obedeceram. Tentou falar, todavia não conseguiu
articular palavra. Viu-se refletido no espelho e não reconheceu esse outro que
o mirava atordoado. Preso, amordaçado, completamente dominado pelo choque. A morte
batia-lhe à porta.
Serei morada Porto de abrigo Cais onde ancoras o barco Âncora no mar revolto Serei casa Regaço que acolhe Abraço que conforta Lar das memórias mais doces Serei refúgio Lugar seguro Tempo sem tempo Abrigo nas tempestades Serei certeza nas horas dúbias Luz na escuridão Esperança no desespero Alegria no descontentamento Serei confidente Guardiã de todos os teus segredos Fiel depositária das tuas partilhas Confessionário dos teus pecados Serei música Silêncio se o desejares Frenesim na quietude Calma na agitação Serei o que quiseres que seja Sempre e quando o queiras Serei para ti o que queria fosses para mim Serei AMOR
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