Resiste a atribuir-se culpas negando a consciência pesada que, por certo, lhe roubaria o sossego. Abomina a vitimização, entendendo-a como um sinal dos fracos. Não se permite fraquejar, ciente de que facilmente embarcaria numa viagem de difícil regresso. Já antes mergulhara nessa espiral depressiva, sem força ou ânimo para emergir desse pântano lodoso que lhe tolhera o corpo e a mente. Considera-se um sobrevivente, por isso se faz forte, ainda que, por vezes, a vulnerabilidade o embale, arrastando-o para a escuridão. Constrói novas memórias para os dias que hão de vir. Enche o peito de ar, como se quisesse garantir reserva para as alturas em que lhe falta. Sai à rua, dança com o vento, deixa-se beijar pelo sol e embalar pela melodia do mar. Regressa aos lugares onde foi feliz, em busca do abraço que o conforta.
Serei morada Porto de abrigo Cais onde ancoras o barco Âncora no mar revolto Serei casa Regaço que acolhe Abraço que conforta Lar das memórias mais doces Serei refúgio Lugar seguro Tempo sem tempo Abrigo nas tempestades Serei certeza nas horas dúbias Luz na escuridão Esperança no desespero Alegria no descontentamento Serei confidente Guardiã de todos os teus segredos Fiel depositária das tuas partilhas Confessionário dos teus pecados Serei música Silêncio se o desejares Frenesim na quietude Calma na agitação Serei o que quiseres que seja Sempre e quando o queiras Serei para ti o que queria fosses para mim Serei AMOR
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