Faz tempo que não vou à praia. Gosto do cheiro a maresia, de sentir o vento na cara e de caminhar junto à água, as ondas a morrer a meus pés. Gosto de sentir o sol a queimar a pele e do aroma do protector solar. Gosto do riso e das brincadeiras das crianças e dos lanches partilhados em família. Cada ida à praia é como um regresso à infância, a um tempo onde, com tão pouco, éramos imensamente felizes.
Sempre a vi como o espelho da dor. Dois rudes golpes, a par de todas as outras dores que foi acumulando, mataram-na, ainda que se mantivesse viva. Não é preciso estar na pele do outro para perceber o seu sofrimento, contudo, é impossível medir a mágoa que sufoca o coração e enegrece a alma. Perder um filho, depois o outro. É a morte em vida, seguramente. Resiliência é um eufemismo para quem tem de prosseguir depois de tudo ter acabado. Sobreviver, porque viver é outra coisa.
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