O destino pregou-lhe uma partida e obrigou-a
a tomar em mãos uma vida antes partilhada. Viu partir-se a corda que a mantinha
ancorada a uma vida em tudo previsível, sentindo o chão fugir-lhe debaixo dos
pés. Primeiro, a negação. Depois, a resignação. Secou as lágrimas e deixou para
trás o passado, traçando um novo rumo para a sua vida. Descobriu forças que não
sabia possuir. Orienta as suas energias para objectivos concretos, com a
determinação de quem sabe como e para onde quer ir. Continua sozinha, mas o
estar só não é ser só.
Sempre a vi como o espelho da dor. Dois rudes golpes, a par de todas as outras dores que foi acumulando, mataram-na, ainda que se mantivesse viva. Não é preciso estar na pele do outro para perceber o seu sofrimento, contudo, é impossível medir a mágoa que sufoca o coração e enegrece a alma. Perder um filho, depois o outro. É a morte em vida, seguramente. Resiliência é um eufemismo para quem tem de prosseguir depois de tudo ter acabado. Sobreviver, porque viver é outra coisa.
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