Não me
roubem as memórias. Tirem-me tudo menos as memórias. Que seria de mim sem elas?
Uma vida sem passado, um livro com páginas em branco, um filme sem imagens. O
vazio. A ausência total e completa de um percurso feito de risos e lágrimas,
alegria e dor. Mais do que o registo das vivências, as memórias são a armadura
que me sustém. Não me roubem as memórias. Sem elas nada sou.
Quando o silêncio é tão estrondosamente ruidoso retumba no peito e agita a mente. Não se ouve, contudo, grita. É avassalador. Assume o poder das mais duras palavras, é eco de uma multidão. É poderoso, porque domina, torna refém. Não permite refúgios nem evasões. É inteiro, porquanto preenche, toma todas as dimensões. Mil vezes os gritos. Tal silêncio não traz serenidade nem acalma. Mata.
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