Ouves o
mar? Está triste, não sentes? Parece que chora, soluçando a sua mágoa. Às vezes
está zangado, bate com violência nas rochas, como se descarregasse raiva
acumulada, castigando quem ousar fazer-lhe frente. Muitas vezes está feliz.
Sei-o quando o vejo sereno, sem ondas, rebolando com a areia em ternas
brincadeiras. É de humores o mar. Tem dias.
Quando o silêncio é tão estrondosamente ruidoso retumba no peito e agita a mente. Não se ouve, contudo, grita. É avassalador. Assume o poder das mais duras palavras, é eco de uma multidão. É poderoso, porque domina, torna refém. Não permite refúgios nem evasões. É inteiro, porquanto preenche, toma todas as dimensões. Mil vezes os gritos. Tal silêncio não traz serenidade nem acalma. Mata.
Comentários
Enviar um comentário