Aos seus olhos, e quiçá de quem a conhecia, a sua vida sempre lhe parecera desinteressante e desprovida de qualquer interesse. Nunca fizera nada de relevante ou digno de nota, nunca concretizara algo mais ou menos marcante que merecesse destaque algum. Uma vida banal, igual a tantas outras, jamais apetecível para relatar num desses programas lamechas que a televisão gosta de explorar.
A verdade é que sempre gostou da sombra, por isso optou por ficar longe dos olhares e da atenção de uma sociedade permanentemente pronta a tecer juízos de valor, não se expondo, portanto, a um escrutínio que não se pede nem se deseja. Tanto assim que estar a par ou atrás de alguém, como tantas vezes é propalado, nunca foi destino que quisesse. Preferiu sempre estar só, estar somente consigo própria. Dizia que no nascimento como na morte somos sós. Na viagem da vida escolheu ser só.
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