Tornou-se visceral. Agigantou-se de tal modo que quando deu fé já escapara ao seu controlo. Num exercício de memória, procurou precisar no tempo o momento em que o sentimento o dominou, fazendo-o refém. Tornou-se adicto, ele que sempre se esquivou a toda e qualquer dependência. Equipara a adrenalina que lhe corre nas veias a uma qualquer substância que, num ápice, eleva aos píncaros o mais moribundo dos seres. Como lhe chamar amor, quando, na realidade, é obsessão?!
Sempre a vi como o espelho da dor. Dois rudes golpes, a par de todas as outras dores que foi acumulando, mataram-na, ainda que se mantivesse viva. Não é preciso estar na pele do outro para perceber o seu sofrimento, contudo, é impossível medir a mágoa que sufoca o coração e enegrece a alma. Perder um filho, depois o outro. É a morte em vida, seguramente. Resiliência é um eufemismo para quem tem de prosseguir depois de tudo ter acabado. Sobreviver, porque viver é outra coisa.
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