E, de repente, colocar tudo em causa. Interrogações que se atropelam. Perguntas a exigir respostas. A sombra que ofusca a claridade. A dúvida que se agiganta. O medo a ganhar espaço. A dor que aperta no peito. A melodia que se tornou ruído. O sorriso que se apaga. E, de repente, perder o controlo. A incapacidade de dominar a mente. O mergulho no escuro. A vontade de acabar com o sofrimento. E, de repente, a libertação.
Sempre a vi como o espelho da dor. Dois rudes golpes, a par de todas as outras dores que foi acumulando, mataram-na, ainda que se mantivesse viva. Não é preciso estar na pele do outro para perceber o seu sofrimento, contudo, é impossível medir a mágoa que sufoca o coração e enegrece a alma. Perder um filho, depois o outro. É a morte em vida, seguramente. Resiliência é um eufemismo para quem tem de prosseguir depois de tudo ter acabado. Sobreviver, porque viver é outra coisa.
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