Disseste que era tarde. Não, gritei.
Nunca é tarde quando vive em ti o desejo de viver mais, a vontade de ser mais, a certeza de querer mais.
Disseste que o tempo não volta atrás. Enganas-te, argumentei.
O tempo somos nós que o tecemos, que lhe damos sentido e que lhe imprimimos o ritmo e a intensidade.
Disseste que nós já não existimos. Não, contestei.
Estamos um para o outro como o predicado está para o verbo, sem que a vírgula os possa separar.
Disseste que agora é tarde. Não, contradisse.
Nunca é tarde quando os dois ainda ouvem a mesma canção.
Disseste que já não valia a pena. Não, rebati.
Vale sempre a pena por mais pequena que seja a chama, porque do mais ténue rastilho pode alavancar um fogo intenso.
O amor só é fogo que arde sem se ver se aos olhos não chegar a chama do coração.
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