Com passo apressado, rosto
afogueado e olhar inquieto, a mulher avança por entre a multidão, alheia aos
olhares inquisitivos que a seguem. Movida pelo anseio de encontrar o que
procura, não presta a menor atenção ao seu redor. Nada a detém ou abranda.
Segue determinada, apesar do nervosismo. Não se dá conta da criança que quase
derrubou na urgência da marcha. Afasta do rosto o cabelo que a atrapalha e
avança. A espera foi longa e penosa. Está próxima do fim. É esmagadora a
ansiedade. Dolorosamente angustiante. Detém-se por fim. A barreira que encontra
não lhe permite avançar. E a ansiedade agiganta-se. O coração bate desenfreado
como se quisesse saltar-lhe do peito. Obriga-se a respirar fundo. Fecha os olhos.
O ruído em redor avoluma-se e torna-se ensurdecedor. Apetece-lhe gritar, porque
não é já dona da sua vontade. As lágrimas escapam-lhe, sem que as possa evitar.
É no meio desse borrão que o vê. O momento tantas vezes sonhado e ansiosamente
aguardado chegara, finalmente. O coração aquieta-se, o olhar torna-se sereno e
doce e os braços abrem-se para o receber.
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