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Reencontro

 

Com passo apressado, rosto afogueado e olhar inquieto, a mulher avança por entre a multidão, alheia aos olhares inquisitivos que a seguem. Movida pelo anseio de encontrar o que procura, não presta a menor atenção ao seu redor. Nada a detém ou abranda. Segue determinada, apesar do nervosismo. Não se dá conta da criança que quase derrubou na urgência da marcha. Afasta do rosto o cabelo que a atrapalha e avança. A espera foi longa e penosa. Está próxima do fim. É esmagadora a ansiedade. Dolorosamente angustiante. Detém-se por fim. A barreira que encontra não lhe permite avançar. E a ansiedade agiganta-se. O coração bate desenfreado como se quisesse saltar-lhe do peito. Obriga-se a respirar fundo. Fecha os olhos. O ruído em redor avoluma-se e torna-se ensurdecedor. Apetece-lhe gritar, porque não é já dona da sua vontade. As lágrimas escapam-lhe, sem que as possa evitar. É no meio desse borrão que o vê. O momento tantas vezes sonhado e ansiosamente aguardado chegara, finalmente. O coração aquieta-se, o olhar torna-se sereno e doce e os braços abrem-se para o receber.


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Serei Amor

  Serei morada Porto de abrigo Cais onde ancoras o barco Âncora no mar revolto   Serei casa Regaço que acolhe Abraço que conforta Lar das memórias mais doces   Serei refúgio Lugar seguro Tempo sem tempo Abrigo nas tempestades   Serei certeza nas horas dúbias Luz na escuridão Esperança no desespero Alegria no descontentamento   Serei confidente Guardiã de todos os teus segredos Fiel depositária das tuas partilhas Confessionário dos teus pecados   Serei música Silêncio se o desejares Frenesim na quietude Calma na agitação   Serei o que quiseres que seja Sempre e quando o queiras Serei para ti o que queria fosses para mim Serei AMOR

Nem sempre...

Nem sempre razão e coração casam, mas fazem alianças. Nem sempre o amor cura, mas faz verdadeiros milagres. Nem sempre um abraço atenua a dor, mas imprime energia. Nem sempre falar resolve, mas alivia. Nem sempre são firmes os meus passos, mas regem-se pela verticalidade.  Nem sempre são assertivas as minhas palavras, mas refletem a verdade de cada momento.  Nem sempre sou o que esperam de mim, mas o que posso ser para os outros.  Nem sempre dou tudo o que poderia, mas o que sou capaz de oferecer.

Vida

Há dias maus e há dias muito maus. E depois há os outros, os verdadeiramente muito maus, a que, caso tivéssemos escolha, nos furtaríamos. São um verdadeiro murro no estômago, que nos atiram “borda fora”, que nos roubam o chão. Que fazem doer. Porém, há os dias bons e os dias muito bons. E depois há os dias excecionalmente esplêndidos. Verdadeiramente felizes. Energia positiva que alimenta o corpo e a alma. Que aquece o coração. Ambos, os dias bons e os dias maus, deixam marca, acentuada ou mais ténue. São memórias que carregamos, e que, a espaços, regressam, ainda que não as convoquemos. São memorandos, páginas de um livro que se vai avolumando de uma história cujo desfecho desconhecemos.