É um dia de inverno, igual a tantos outros, demasiado curto
para tarefas que exigem mais tempo, excessivamente longo para os que, sem
grandes ou nenhuns afazeres, se limitam a esperar, a ver escorrer o tempo, numa
cadência monótona, como quem vê desfiar a malha de uma manta que vai ficando
cada vez mais pequena.
Os dias de inverno são difíceis. Aliás, toda a estação lhe
é penosa. O frio, a chuva, a humidade que lhe enregela o corpo e tolhe os ossos. O que o sustém são os dias de sol, sempre lhe
trazem algum ânimo. O sol de inverno é como o abraço de um amigo. Aquece e conforta.
Uma espécie de recompensa pela resiliência de aguentar estoicamente tantos dias cinzentos,
alguns verdadeiramente penosos.
É um dia a menos no calendário, um dia a mais numa vida já
longa. Cada vez mais os dias são iguais, uma rotina a que já se habituou. Não
faz planos, há muito que deixou de os fazer. Tranquilo, ou talvez resignado, nada
exige, nada pede, nada espera.
Hoje, o sol não veio. Sentiu-lhe a falta, como do abraço de
um amigo. Amanhã, quem sabe, poderá aparecer. Um dos dois poderá faltar ao
encontro, se for ele é porque a caminhada chegou ao fim, cumprindo-se o ciclo da
vida.
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