Dou por mim chegada ao destino sem memória da viagem que empreendi. Aqui chegada sinto uma estranha inquietude, um desconforto que se agiganta no meu íntimo e me corta a respiração. Faço um esforço titânico para parecer calma, mas vejo-me completamente impotente para travar o despertar dos fantasmas do passado, encarcerados durante anos a fio. Regressar ao sítio onde outrora fomos felizes foi quanto bastou para jogar por terra a teoria de que o tempo tudo cura. Agora sei que não te esqueci e que vivia na ilusão de ter virado a página do passado.
Sempre a vi como o espelho da dor. Dois rudes golpes, a par de todas as outras dores que foi acumulando, mataram-na, ainda que se mantivesse viva. Não é preciso estar na pele do outro para perceber o seu sofrimento, contudo, é impossível medir a mágoa que sufoca o coração e enegrece a alma. Perder um filho, depois o outro. É a morte em vida, seguramente. Resiliência é um eufemismo para quem tem de prosseguir depois de tudo ter acabado. Sobreviver, porque viver é outra coisa.
Adorei.
ResponderEliminarParabéns.
Tudo de bom para ti e, por favor, continua a escrever assim :)