Gostaria de saber exprimir por palavras o que o meu coração sente, mas este problema de expressão que marca o meu ADN não mo permite. Ficam mudas as palavras na minha boca e olho-te na esperança de que saibas mais de mim do que julgo saber. Fico na expectativa de que possas adivinhar o que estou a pensar quando me sinto demasiado exposta a teus olhos. Acaso terás a capacidade de perceber que quero que fiques quando digo que está na hora de ires embora? E que é somente por medo de sofrer alguma desilusão que te dou a entender que não quero compromissos? Não te dás conta de que não é o frio que me arrepia a pele, mas o teu toque que desperta em mim sensações que me fazem perder o discernimento? Ou porque rio quando queres falar sério, boicotando qualquer conversa que me leve a dizer mais do que me sinto capaz? Será somente um problema de expressão? Ou será que tarde me dei conta de que já não sou dona da minha vontade?
Sempre a vi como o espelho da dor. Dois rudes golpes, a par de todas as outras dores que foi acumulando, mataram-na, ainda que se mantivesse viva. Não é preciso estar na pele do outro para perceber o seu sofrimento, contudo, é impossível medir a mágoa que sufoca o coração e enegrece a alma. Perder um filho, depois o outro. É a morte em vida, seguramente. Resiliência é um eufemismo para quem tem de prosseguir depois de tudo ter acabado. Sobreviver, porque viver é outra coisa.
Comentários
Enviar um comentário