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Velhos


Passeavam, calmamente, numa tarde solarenga, à beira rio. Passo lento, porque a idade assim o exige, ela de braço apoiado no dele. Falavam, sorriam. Quanta ternura! Desfrutavam do passeio, da magnífica paisagem, mas, sobretudo, da companhia um do outro. Tudo neles denunciava a intimidade de anos e anos de comunhão e partilha.
Para quem passa, são apenas velhos. Quem olha de verdade, vê dois jovens na idade maior e percebe que dentro deles arde uma chama imensa, de um amor que será eterno até que um deles parta desta vida. Quem vê com olhos de ver, percebe que a idade não se mede pelos anos que constam no bilhete de identidade.
Ele diz uma graça, ela ri-se com gosto. Para quem passa, são velhos tontos. Quem olha de verdade, percebe o significado da palavra jovialidade e encara com o sentimento de duas pessoas que gostam genuinamente uma da outra.
São velhos, é certo. São velhos, porque contam muitos anos, só. A idade deu-lhes maturidade, sabedoria, experiência e lucidez para perceber que só envelhece quem quer, porque é possível manter o espírito jovem, sobretudo quando uma relação se constrói com amor, se alicerça na amizade e se envolve de respeito e compreensão.

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Serei Amor

  Serei morada Porto de abrigo Cais onde ancoras o barco Âncora no mar revolto   Serei casa Regaço que acolhe Abraço que conforta Lar das memórias mais doces   Serei refúgio Lugar seguro Tempo sem tempo Abrigo nas tempestades   Serei certeza nas horas dúbias Luz na escuridão Esperança no desespero Alegria no descontentamento   Serei confidente Guardiã de todos os teus segredos Fiel depositária das tuas partilhas Confessionário dos teus pecados   Serei música Silêncio se o desejares Frenesim na quietude Calma na agitação   Serei o que quiseres que seja Sempre e quando o queiras Serei para ti o que queria fosses para mim Serei AMOR

Nem sempre...

Nem sempre razão e coração casam, mas fazem alianças. Nem sempre o amor cura, mas faz verdadeiros milagres. Nem sempre um abraço atenua a dor, mas imprime energia. Nem sempre falar resolve, mas alivia. Nem sempre são firmes os meus passos, mas regem-se pela verticalidade.  Nem sempre são assertivas as minhas palavras, mas refletem a verdade de cada momento.  Nem sempre sou o que esperam de mim, mas o que posso ser para os outros.  Nem sempre dou tudo o que poderia, mas o que sou capaz de oferecer.

Vida

Há dias maus e há dias muito maus. E depois há os outros, os verdadeiramente muito maus, a que, caso tivéssemos escolha, nos furtaríamos. São um verdadeiro murro no estômago, que nos atiram “borda fora”, que nos roubam o chão. Que fazem doer. Porém, há os dias bons e os dias muito bons. E depois há os dias excecionalmente esplêndidos. Verdadeiramente felizes. Energia positiva que alimenta o corpo e a alma. Que aquece o coração. Ambos, os dias bons e os dias maus, deixam marca, acentuada ou mais ténue. São memórias que carregamos, e que, a espaços, regressam, ainda que não as convoquemos. São memorandos, páginas de um livro que se vai avolumando de uma história cujo desfecho desconhecemos.