Vives preso ao passado e, por isso, não consegues viver o presente nem perspectivar o futuro. Ficaste parado no tempo, num tempo em que foste feliz, em que tinhas sonhos. Hoje, não sonhas mais. Vives como que algemado, numa atitude de resignação, como se nada mais pudesses esperar da vida, numa postura de comiseração que não te leva a lado nenhum. Entregaste-te a uma vida vazia e fechaste-te ao mundo lá fora, alheio ao relógio do tempo. Porque és assim, afinal? Que acontecimento supremo te transformou na pessoa que és hoje? Um desgosto de amor? Um fracasso profissional? Ainda estás a tempo. Estás sempre a tempo de mudar, de inverter o sentido das coisas. Solta as amarras e lança-te à vida. Entrega-te sem medo de errar, de amar ou sofrer. Afinal, é isso que nos faz mais fortes. É erguer depois de uma queda, é enfrentar as adversidades com confiança e determinação e, sobretudo, acreditar, acreditar sempre.
O toque do sino, anunciando as horas, fez-se ouvir, quebrando o silêncio e trazendo-o de volta à realidade. Não dera pelo tempo passar, absorto e perdido em pensamentos, arrastado para as memórias com que ia esbarrando a cada divisão da casa, que ia percorrendo com vagar. Como não lembrar daquela casa cheia de vida, repleta de gente, numa permanente azáfama, típica das famílias numerosas. De repente, era de novo um menino, perdido em tropelias com os irmãos, qual deles o mais travesso. A voz da mãe a chamar para a mesa, o cheirinho da comida de conforto, memórias tão vívidas que um arrepio lhe percorreu a espinha. Tateou a mesa da sala, onde tantas vezes partilharam refeições, risos e alegrias. A sala de jantar testemunha dos momentos mais felizes, mas também dos mais tristes, como as despedidas dos avós e, mais tarde, dos pais. Piscou os olhos, na ânsia de afastar as lágrimas que ameaçavam brotar. Invadiu-o a nostalgia, sentindo ecoar, num lamento, a canção de Pedro Abrunhosa… “quer
...Adoro-te, Alda!...Fazes-me bem...Mil beijices da Bel
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