Perco-me no rol dos porquês, na infindável lista de interrogações para as quais não encontro respostas. Adormeço a perguntar e pergunto desde que acordo. De ti, só o silêncio, esse terrível silêncio que me ensurdece, que faz aumentar a minha angústia, que me consome. Quisera eu perceber o porquê desse silêncio, para acalmar esta dor. Quisera eu poder olhar-te nos olhos e derreter essa frieza que me gela o corpo e a alma. Quisera eu, se tu consentisses, deixar de ser sombra para ser luz.
O toque do sino, anunciando as horas, fez-se ouvir, quebrando o silêncio e trazendo-o de volta à realidade. Não dera pelo tempo passar, absorto e perdido em pensamentos, arrastado para as memórias com que ia esbarrando a cada divisão da casa, que ia percorrendo com vagar. Como não lembrar daquela casa cheia de vida, repleta de gente, numa permanente azáfama, típica das famílias numerosas. De repente, era de novo um menino, perdido em tropelias com os irmãos, qual deles o mais travesso. A voz da mãe a chamar para a mesa, o cheirinho da comida de conforto, memórias tão vívidas que um arrepio lhe percorreu a espinha. Tateou a mesa da sala, onde tantas vezes partilharam refeições, risos e alegrias. A sala de jantar testemunha dos momentos mais felizes, mas também dos mais tristes, como as despedidas dos avós e, mais tarde, dos pais. Piscou os olhos, na ânsia de afastar as lágrimas que ameaçavam brotar. Invadiu-o a nostalgia, sentindo ecoar, num lamento, a canção de Pedro Abrunhosa… “quer
Amei este texto.
ResponderEliminarEstá lindo.