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A dor da perda


Saiu para rua, cumprida mais uma jornada de trabalho. Um arrepio percorreu-lhe o corpo ao enfrentar o frio de um fim de tarde de um Inverno que teima em durar. Sem pressa, tomou a direcção que há-de levá-la a casa. O corpo vencido pelo cansaço age com uma autómato, mecanicamente. Sabe que em casa nada mais a espera do que uma imensa, uma dura e pesada solidão. A dor da perda está ainda muito presente e parece tê-la enredado na sua teia, mantendo-a refém. Até quando? Pergunta repetida vezes sem conta, sem qualquer resposta. O sentimento de impotência domina-a por completo e abafa toda e qualquer tentativa para vir de novo à tona. Quer acreditar que depois da tempestade virá a bonança, mas ainda sente os efeitos do tsunami que arrasou a sua vida. Embora tenha deixado de fazer parte da sua vida, ele continua presente, sem o estar fisicamente. Por isso, a dor não amaina e a vida segue perdida, sem rumo.

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Serei Amor

  Serei morada Porto de abrigo Cais onde ancoras o barco Âncora no mar revolto   Serei casa Regaço que acolhe Abraço que conforta Lar das memórias mais doces   Serei refúgio Lugar seguro Tempo sem tempo Abrigo nas tempestades   Serei certeza nas horas dúbias Luz na escuridão Esperança no desespero Alegria no descontentamento   Serei confidente Guardiã de todos os teus segredos Fiel depositária das tuas partilhas Confessionário dos teus pecados   Serei música Silêncio se o desejares Frenesim na quietude Calma na agitação   Serei o que quiseres que seja Sempre e quando o queiras Serei para ti o que queria fosses para mim Serei AMOR

Silêncio

Quando o silêncio é tão estrondosamente ruidoso retumba no peito e agita a mente. Não se ouve, contudo, grita. É avassalador. Assume o poder das mais duras palavras, é eco de uma multidão. É poderoso, porque domina, torna refém. Não permite refúgios nem evasões. É inteiro, porquanto preenche, toma todas as dimensões. Mil vezes os gritos. Tal silêncio não traz serenidade nem acalma. Mata.

Nem sempre...

Nem sempre razão e coração casam, mas fazem alianças. Nem sempre o amor cura, mas faz verdadeiros milagres. Nem sempre um abraço atenua a dor, mas imprime energia. Nem sempre falar resolve, mas alivia. Nem sempre são firmes os meus passos, mas regem-se pela verticalidade.  Nem sempre são assertivas as minhas palavras, mas refletem a verdade de cada momento.  Nem sempre sou o que esperam de mim, mas o que posso ser para os outros.  Nem sempre dou tudo o que poderia, mas o que sou capaz de oferecer.